Uma jovem de 22 anos de Guarulhos morreu em um acidente de trânsito na noite do último sábado (24) na Avenida Tiradentes, na região central de São Paulo. Larissa Barros Maximo Torres era passageira em uma mototáxi quando o veículo foi atingido pela porta de um carro, que também estava sendo usado para transporte de aplicativo. Com o impacto, ela e o motociclista foram arremessados. Larissa foi atropelada por outro veículo que passava pela avenida e morreu no local.
O acidente ocorreu por volta das 23h30. De acordo com o boletim de ocorrência, o carro por aplicativo estava parado em um semáforo quando dois passageiros que estavam no interior do veículo começaram a brincar. Durante a ação, um dos passageiros, que segundo a polícia estava embriagado, abriu uma das portas do carro. Foi neste momento que a moto, com Larissa e o motociclista, colidiu.
Os passageiros do carro têm 28 anos e 27 anos. Segundo o boletim de ocorrência, um deles teria aberto a porta ao ameaçar sair do veículo enquanto brincava. À polícia, um deles alegou não se recordar dos detalhes do ocorrido devido à embriaguez. O outro afirmou que estava conversando e brincando, mas não viu o acidente. Ninguém foi preso.
O motociclista, de acordo com o que foi registrado, deixou o local após o acidente, não prestou socorro e se recusou a comparecer à delegacia. No entanto, a empresa 99, pela qual ele prestava serviço, informou que ele não fugiu, mas sim foi socorrido para outro hospital. O motociclista também ficou ferido, mas sem risco de morte.
Familiares de Larissa confirmaram que ela utilizava o serviço de mototáxi. Ela estaria retornando para casa após receber um prêmio no trabalho. A jovem de 22 anos era moradora de Guarulhos, formada em Marketing e estava cursando Engenharia de Produção. Trabalhava em uma empresa financeira como supervisora comercial.
“A gente estava acompanhando corrida e deu como encerrada, mas não chegou. Até pedimos para puxar câmera de segurança, mas o hospital ligou avisando que ela estava no hospital. Chegando lá, fomos informados do óbito. Não dá para entender como duas pessoas fazem uma brincadeira dessa. Como duas pessoas bebem e abrem a porta do carro numa avenida movimentada como a Tiradentes?”, disse Carlos Alberto Torres, tio da vítima, em entrevista à Globo.
O caso foi registrado no 2º Distrito Policial (Bom Retiro) como homicídio culposo (sem intenção de matar) na direção de veículo automotor. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que serão necessários mais depoimentos para o esclarecimento dos fatos. Os policiais também tentam conseguir imagens de câmeras de segurança. O velório de Larissa acontece no cemitério Primavera 1, no Taboão, perto da Praça 8 de Dezembro.
A polêmica do mototáxi em São Paulo
A morte de Larissa ocorre em meio a uma disputa judicial sobre a operação do serviço de mototáxi por aplicativo na capital paulista. Em meio a um vaivém de decisões e necessidade de regulamentação, a Justiça de São Paulo suspendeu a modalidade no último dia 16. Apesar da decisão, empresas como Uber e 99 continuam operando o serviço na cidade.
As empresas alegam que ainda não foram formalmente notificadas ou que aguardam esclarecimentos do Tribunal de Justiça, utilizando-se de um prazo garantido pelo devido processo judicial. A 99, por exemplo, declarou que não está descumprindo qualquer ordem judicial e que o serviço 99 Moto opera legalmente enquanto aguarda esses esclarecimentos. A Uber também mantém o Uber Moto disponível, afirmando que a decisão mais recente não determina a suspensão imediata.
A Prefeitura de São Paulo argumenta que a permissão do mototáxi aumentaria os riscos para a população, com mais acidentes e mortes. O desembargador Eduardo Gouvêa suspendeu o serviço “por cautela” até o julgamento definitivo, mas recomendou que a prefeitura regulamente a atividade em até 90 dias.
Na semana passada, o Procon de São Paulo também notificou a Uber e a 99, exigindo esclarecimentos e a suspensão imediata do serviço, sob pena de multa e medidas judiciais. No entanto, até o momento do acidente, e mesmo com a decisão judicial proibindo o serviço, as plataformas seguiam oferecendo a modalidade. O acidente que vitimou Larissa envolveu uma moto que prestava serviço pela 99.
Em nota, a 99 lamentou a morte de Larissa Barros Maximo Torres e informou que está prestando suporte integral aos envolvidos, incluindo cobertura pelo seguro, apoio psicológico e auxílio funeral. A empresa também afirmou que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.
Em Guarulhos, o mototáxi não é regulamentado, mas funciona normalmente desde o início do ano. A gestão Lucas Sanches chegou a dizer que o serviço não era permitido na cidade, mas, ao contrário do que acontece na capital, não entrou em uma batalha pública contra as empresas de aplicativo.
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