É um compromisso ambicioso, mas a Prefeitura de Guarulhos anunciou nesta terça-feira (2) que o município atingirá a universalização no tratamento de esgoto até 2026, três anos antes do prazo inicialmente previsto pela Sabesp. Atualmente, apenas 13,62% do esgoto da cidade recebe o tratamento adequado. A iniciativa faz parte do programa estadual IntegraTietê, que prevê investimentos também em outras cidades que despejam dejetos no rio mais importante de São Paulo.
Em 2019, a admistração do prefeito Guti firmou uma parceria com a Sabesp que previa tratamento total do esgoto no município até 2029. No entanto, durante reunião nesta tarde no Paço Municipal, a companhia prometeu antecipar a entrega em três anos.
O dinheiro alocado em Guarulhos permitirá que mais 280 mil residências tenham seu esgoto tratado, o que representa uma população estimada em 750 mil pessoas.
De acordo com o calendário divulgado pela prefeitura, a previsão da Sabesp para os próximos três anos anos é a seguinte:
- 40% do esgoto tratado até o final de 2024
- 50% até dezembro de 2025
- 99% ao término de 2026
Como esse trabalho vai ser feito?
O planejamento indica que Sabesp irá atingir a universalização com a construção de duas estações de tratamento (ETEs) em Guarulhos, uma no Cabuçu e outra no Jardim Fortaleza. Além disso, a empresa vai realizar obras para aumentar a capacidade de tratamento das já existentes ETEs Jardim São João, Várzea do Palácio e Bonsucesso.
O plano ainda prevê a construção de aproximadamente 230 km de coletores-tronco e interceptores, que levam o esgoto às ETEs, e 80 estações elevatórias, que vencem a gravidade para os dejetos chegarem ao local correto de tratamento.
As obras englobam todas as regiões de Guarulhos e algumas delas encaminharão o esgoto às ETEs São Miguel e Parque Novo Mundo, na capital paulista, mas que também atendem Guarulhos.
Lançado em março do ano passado, o IntegraTietê é uma iniciativa que prevê uma série de medidas de curto, médio e longo prazo em prol do maior rio de São Paulo. A previsão é que, até 2026, sejam investidos R$ 5,6 bilhões na ampliação da rede de saneamento básico, desassoreamento, gestão de pôlderes, melhorias no monitoramento da qualidade da água, recuperação de fauna e flora, entre outras medidas.
Guti, que deixará a Prefeitura de Guarulhos ao final de 2024, quando completará 8 anos no poder, considera essa parceria com a Sabesp um dos grandes legados de seus dois mandatos. Em 2019, a atual gestão também conseguiu acabar com o rodízio de água, que deixava moradores até três dias com as torneiras vazias.
“Esses são dois dos maiores legados que qualquer governante pode deixar: água para todo mundo todos os dias e tratamento de esgoto. Investir em saneamento básico é garantir a saúde do guarulhense”, comentou Guti, que quando assumiu a prefeitura (em 2017) recebeu a informação de que a cidade tratava apenas 2% do seu esgoto.
Tratamento de esgoto: um problema grave das cidades brasileiras
Caso Guarulhos consiga cumprir a promessa de tratar todo o esgoto até o final de 2026, vai entrar para uma seleta lista. Os dados mais recentes do Instituto Trata Brasil, divulgados em março de 2024, apontam que, entre as 100 cidades mais populosas do país, apenas três já cumpriram o objetivo de universalização do saneamento básico: Maringá (PR), São José do Rio Preto (SP) e Campinas (SP).
Atualmente, Guarulhos ocupa apenas a 67ª posição desse ranking. A cidade tem 99,14% dos moradores com abastecimento regular de água e 91,07% com esgoto adequado –no entanto, o ponto fraco é justamente o tratamento de esgoto, com apenas 13,62% dos dejetos recebendo o destino correto.