O Grupo Sá Cavalcante, responsável pelos 40 mil metros quadrados do shopping abandonado da Vila Fátima, não desistiu de abrir o grande centro de compras aqui na cidade. A empresa confirmou com exclusividade ao Guarulhos Todo Dia que tem como um de seus objetivos a retomada do projeto “Shopping Plaza Guarulhos”. Para conseguir tirar o projeto do papel, porém, vai precisar reverter decisões judiciais e dívidas com a Prefeitura.
A companhia, que tem seis shoppings espalhados em seis estados brasileiros, trata o empreendimento guarulhense como um greenfield em São Paulo. Ou seja, é o projeto que representa a chegada do Sá Cavalcante a território paulista, uma região nova para o grupo.
“Temos o projeto do Shopping Plaza Guarulhos em São Paulo. Sobre este, em conformidade com nosso CEO, Leonardo Cavalcante, o Shopping Plaza Guarulhos está incluso no planejamento a retomada do projeto. Porém, neste momento, estamos focados no lançamento do nosso outro greenfield, localizado no Rio de Janeiro, o Shopping Dutra.”
Grupo Sá Cavalcante, em nota enviada ao Guarulhos Todo Dia
O Shopping Dutra fica na cidade de Mesquita, na Baixada Fluminense, às margens da rodovia Presidente Dutra. Assim como acontece no empreendimento em Guarulhos, a empresa enfrentou problemas judiciais em relação à obra, paralisada em 2017.
De acordo com o Glossário do Empreendedor, do Diário do Comércio, um investimento greenfield tem como característica justamente um risco maior, “pois sua viabilidade pode depender de autorizações de órgãos regulatórios, autoridades ambientais e aprovações de patentes”.
Em dezembro do ano passado, Leonardo Cavalcante, CEO da Shoppings Sá Cavalcante, comentou sobre shoppings de Guarulhos e Mesquita.
“Temos em nosso portfólio dois projetos greenfields, o Shopping Dutra (RJ) e o Shopping Plaza Guarulhos (SP). Entendemos que foco, planejamento e análise de dados/cenários são fatores de extrema importância para o desenvolvimento saudável de um empreendimento e, por isso, é necessário seguirmos etapas bem definidas para projetos como esses. Atualmente, nosso foco primário é o Shopping Dutra (RJ)”.
Leonardo Cavalcante, em entrevista à revista Shopping Centers, da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers).
O Grupo Sá Cavalcante tem seis shoppings espalhados por quatro diferentes estados brasileiros: três no Espírito Santo, um no Maranhão, um no Piauí e outro no Pará.
O que acontece com o shopping abandonado da Vila Fátima?
As obras do shopping abandonado da Vila Fátima pararam no início da década de 90, por problemas econômicos dos proprietários, dívidas com o poder municipal e questões de ordem jurídica em relação ao terreno. Anos depois, o Grupo Sá Cavalcante assumiu o negócio. Em 2009, a empresa chegou a acreditar que o plano sairia do papel, pois recebeu o sinal verde da Prefeitura, na época comandada por Sebastião Almeida, para retomar as obras do “Shopping Plaza Guarulhos”.
De acordo com o entendimento do Poder Executivo na ocasião, o empreendimento respeitava a legislação ambiental vigente ao final da década de 1980, quando começou a ser construído. Porém, depois a lei foi alterada e, com isso, a obra ficou ultrapassada do ponto de vista ambiental. Marcos Antônio Carlos, então diretor da Secretaria do Meio Ambiente, entendeu que não dava para retroagir a lei e prejudicar os negócios que o shopping geraria.
Por isso, a Prefeitura (na gestão Almeida) exigiu contrapartidas do Grupo Sá Cavalcante para conceder o alvará para a retomada da obra do shopping abandonado, como a doação de um terreno de 12 mil metros quadrados para a construção de moradias populares, o plantio de 1.200 árvores dentro do empreendimento e a doação de 3.000 mudas de árvores para o poder público.
Justiça barrou o projeto
Após a Prefeitura ter concedido os alvarás necessários, o caso foi parar na Justiça. No início de 2010, a 2ª Vara da Fazenda Pública de Guarulhos concedeu liminar, atendendo a um pedido de grupos da oposição do prefeito Almeida, para suspender os trabalhos no shopping.
A sentença dizia que obra tinha potencial de “ensejar danos ambientais severos, tendo em vista a não apresentação dos estudos de possíveis impactos que a obra tende a causar, mesmo porque há documentalmente alvará que demonstra que a Prefeitura de Guarulhos está licenciando intervenções em área de preservação permanente”.
Então líder da oposição ao governo do prefeito Sebastião Almeida e presidente da Comissão de Obras e Serviços Públicos, o vereador Geraldo Celestino montou um relatório que apontava supostas irregularidades no empreendimento da Vila Fátima. O político disse que a prefeitura não pediu o Relatório de Impacto de Trânsito, concedeu o alvará em menos de um mês, quando esse trâmite leva no mínimo 5 meses, e indicou que o shopping acumulava dívidas de IPTU na casa dos R$ 15 milhões.
Como o shopping está hoje
O Guarulhos Todo Dia sobrevoou o local com drone neste mês e te mostra como está a situação do shopping da Vila Fátima atualmente, no vídeo abaixo:
O terreno onde fica o shopping abandonado da Vila Fátima tem cerca de 40 mil metros quadrados. Porém, o empreendimento teria cerca 130 mil metros quadrados de área construída, considerando todos os andares e uma torre comercial que seria erguida ali ao lado. O custo estimado chegava a R$ 110 milhões.
O projeto incluía 419 lojas, três restaurantes, 2.500 vagas de estacionamento, cinema com 2.000 assentos e centro empresarial de 20 andares com 288 salas comerciais. O negócio geraria mais de 4.000 empregos.
Em meio ao imbróglio, a atual declaração do Grupo Sá Cavalcante demonstra que, 14 anos depois da decisão judicial, a empresa ainda não desistiu da ideia de tirar o projeto do papel e retomar as obras na Vila Fátima. “Referente ao Shopping Plaza Guarulhos, em breve soltaremos mais informações e novidades para o mercado e público”, reforçou a companhia, em nota ao GTD.