O HMU (Hospital Municipal de Urgências) e o Hospital Pimentas-Bonsucesso estão atendendo com capacidade reduzida desde a semana passada. Somente casos de urgência e emergência são aceitos em dois dos mais importantes centros de saúde pública de Guarulhos. Além disso, UBSs, UPAs e Cemegs estão com déficit de médicos, o que tem provocado longas filas para consultas, exames e cirurgia. Considerada caótica, a situação foi pauta de debates na Câmara Municipal nesta segunda-feira (9) e também de trocas de acusações políticas entre o atual prefeito Guti e o futuro chefe do Executivo Lucas Sanches.
No sábado (7) e na segunda-feira (9), o telejornal SP2, da Globo, exibiu reportagens mostrando a situação grave. A UTI do HMU está fechada por causa de defeito no ar-condicionado, que já apresenta problemas há mais de um ano. Apesar de funcionários do hospital comunicarem o problema há bastante tempo, nada foi feito. Com o setor interditado, pacientes em macas acabam ficando amontoados pelos corredores e salas do hospital.
A Santa Casa de São Bernardo do Campo, OSS (Organização Social da Saúde) contratada pela prefeitura para administrar o HMU e o Hospital Pimentas-Bonsucesso, informa que a restrição nos atendimentos acontece após diversas tentativas de entendimento com o poder público municipal. “Após inúmeras tentativas de diálogo ao longo de diversas gestões municipais, não vislumbrou alternativa viável senão a de restringir os atendimentos oferecidos à população”, informou.
Um vídeo divulgado pelo jornalista guarulhense Alex Bueno no Instagram apresenta uma funcionária mostrando a situação da UTI fechada enquanto relata o grave quadro do Hospital Municipal de Urgências.
“A UTI está vazia porque tivemos que retirar todos os pacientes daqui e remanejá-los para a observação. Tivemos que criar um espaço para atender esses pacientes porque a gente está sem o ar-condicionado, já tem um ano que a gente está com problema nesse ar-condicionado dessa UTI. Já enviamos diversos ofícios, já comunicamos a secretaria durante todo esse ano viessem consertar esse ar-condicionado, o que custaria cerca de R$ 80 mil, que é um ar de tubulação. Infelizmente, teve que interditar uma UTI desse porte”.
Funcionária do HMU
Guti promete resolver problema da UTI nesta semana
Nesta segunda-feira (9), o prefeito Guti publicou um vídeo de visita ao HMU e prometeu resolver a questão da UTI fechada ainda nesta semana.
“Estou aqui no HMU e a UTI está paralisada por uma questão de ar-condicionado, é inadmissível. A gente poderia estar atendendo muita gente, então a gente não vai tapar o sol com a peneira. Quando a gente estiver errado, a gente vai mostrar e vai mostrar a solução, que é o que mais importa. Durante esta semana, tanto a Secretaria da Saúde quanto a empresa que cuida aqui do hospital vão ter que dar uma solução para arrumar esse ar-condicionado e voltar a fazer essa sala funcionar”, disse Guti, que continuou:
“Não existia essa sala de UTI quando a gente entrou aqui na prefeitura, a gente construiu justamente para conseguir atender melhor as pessoas. Não faz sentido isso aqui estar paralisado. Então, eu estou cobrando bastante e quero que você guarulhense saiba que esse negócio vai voltar a funcionar porque é minha obrigação cobrar quando as coisas não andam bem.”
Guti, prefeito de Guarulhos
Superlotação
O problema entre a Prefeitura de Guarulhos e a Santa Casa de São Bernardo do Campo acontece pelo seguinte motivo: a Secretaria da Saúde contratou a OSS para realizar um determinado número de atendimentos todo mês. Por causa da alta demanda, os hospitais estão recebendo mais gente do que a quantidade contratada. A prefeitura, porém, não está pagando por esses atendimentos excedentes.
“A gente tem um déficit todo mês porque a gente trabalha acima da capacidade, com o hospital superlotado e eles não fazem o repasse desse valor que a gente acaba gastando pela superlotação”, disse a funcionário, no vídeo divulgado por Alex Bueno.
Segundo um representante da Santa Casa de São Bernardo do Campo disse ao SP2, da Globo, o contrato inicial previa 7 mil atendimentos no HMU, mas atualmente são realizados cerca de 16 mil. Esse aumento teria causado uma dívida de R$ 42 milhões, de acordo com números da OSS, e de R$ 22,2 milhões pelas contas da prefeitura. No caso do Pimentas-Bonsucesso, o contrato previa 8 mil pacientes por mês, mas somente em novembro foram atendidas 21 mil pessoas. A dívida já chegaria a R$ 50 milhões.
Guti confirma que os pagamentos excedentes estão em atraso. “Sobre a questão financeira, nós estamos em dia com a instituição, mas eles atendem muito mais do que o que foi contratualizado, aí gera um grande passivo que fica fora do contrato. Agora a gente está criando um mecanismo legal e financeiro para conseguir pagar e para que o povo não seja penalizado. É dessa forma que a gente trabalha, com muita transparência, vamos até o último segundo trabalhando da melhor forma possível para dar orgulho para você, guarulhense”.
Lucas Sanches visita o HMU
Prefeito eleito de Guarulhos, Lucas Sanches visitou o HMU no último sábado (7) e publicou um vídeo mostrando a situação das pessoas em macas nos corredores. Também há relatos de faltas de insumos e medicamentos.
“É desumano, é cruel o que está acontecendo aqui dentro. Pessoas sendo atendidas nos corredores, UTI desativada, raio-x parado há mais de um mês. Isso porque a prefeitura não fez os reparos necessários para a OSS que administra aqui o HMU. É desumo o jeito que o atual prefeito está deixando a saúde para a nossa gestão que só assume daqui a um mês”, disse o prefeito eleito.
Assista ao vídeo abaixo:
O que diz a Prefeitura de Guarulhos
Em nota divulgada no sábado (7), a Prefeitura de Guarulhos informou que está com os pagamentos do contrato em dia com a Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo, mas reconhece que existe uma dívida em relação aos atendimentos excedentes. Leia abaixo, na íntegra:
“A Secretaria Municipal de Saúde esclarece que está com os pagamentos contratualizados junto à Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo rigorosamente em dia. No entanto, está em fase de negociação para o pagamento de atendimentos realizados além daqueles firmados em contrato, reivindicados pela Organização, o que, na visão deles, teria causado desequilíbrio no contrato. Mesmo assim, reafirma o compromisso de manter o atendimento de urgências e emergências no hospital, que não foi interrompido em momento algum”.
“Sobre a lotação do hospital, reconhecemos que os atendimentos estão em sua capacidade máxima, assim como ocorre na quase totalidade dos hospitais públicos de toda a região metropolitana de São Paulo. Frise-se ainda que cerca de 30% a 40% dos atendimentos médicos realizados pela rede municipal em Guarulhos são de pacientes provenientes de outras cidades do Alto Tietê”.
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