A Polícia Federal do Aeroporto de Guarulhos prendeu 91 pessoas que tentaram embarcar para o exterior com drogas engolidas no primeiro semestre em 2024. No ano passado inteiro, foram 41 presos na condição de “mulas do tráfico”. Disparada de 121%. Esse aumento no número de prisões de passageiros com entorpecentes dentro do próprio corpo também fez crescer a quantidade de atendimentos no Hospital Geral de Guarulhos, pois é para lá que os suspeitos são levados para realizar exames e expelir as drogas em segurança.
De acordo com a PF, a maioria dos presos são brasileiros, uma mudança de perfil em relação ao passado. “Temos trabalhado cada vez mais com a inteligência policial para tentar identificar todos esses perfis de pessoas que aderem ao tráfico de drogas”, diz Dennis Cali, delegado na Polícia Federal, em entrevista à Globo.
Uma das razões para essa disparada foi o uso do scanner corporal, que foi retomado em abril de 2024, depois de seis anos fora de operação. Segundo a Polícia Federal, o aparelho ficou tanto tempo desativado porque quem operava a máquina eram os funcionários terceirizados do aeroporto, o que causava desconforto nos passageiros. Agora, a própria PF realiza o procedimento.
“Quando a polícia separa o passageiro para vir até o body scan, já tem algum tipo de suspeita e o exame é realizado para ter 100% de certeza que a pessoa está transportando entorpecente”.
Dennis Cali, delegado na Polícia Federal, em entrevista à Globo
Mulas vão para o Hospital Geral
Quem já assistiu ao programa “Aeroporto – Área Restrita”, que passa no canal Discovery e está disponível no streaming Max, sabe que quem engole drogas e é identificado pela Polícia Federal no Aeroporto de Guarulhos vai para o Hospital Geral antes de ser preso. Afinal, se a droga estourar dentro do corpo, a pessoa corre um grande risco de morte.
“Esses passageiros são submetidos a um exame de imagem, uma tomografia computadorizada do abdome. E aí identificamos se existe a presença de cápsulas no trato digestivo, em que localização elas se encontram e é possível por análises de reconstituição tridimensional que o aparelho permite, você consegue mensurar quantas cápsulas foram ingeridas”, explica Afonso César Cabral, diretor técnico do Hospital Geral de Guarulhos, em entrevista ao telejornal SP TV.
Até abril, 43 pessoas foram atendidas no Hospital Geral de Guarulhos por causa de ingestão de drogas. Em um dia, até 15 pessoas suspeitas chegaram a passar no hospital com suspeita de levar entorpecentes no organismo.
Os detidos no Aeroporto de Guarulhos que trabalham para o tráfico internacional de drogas chegam a levar até 100 cápsulas de cocaína no intestino, equivalente a pouco mais de um quilo. Segundo o diretor do Hospital Geral, demora até três dias para todas saírem de forma natural. Quando não são expelidas, os médicos precisam fazer uma cirurgia.