As histórias dos 40 anos do Aeroporto Internacional de Guarulhos

Paralisações por neblinas, acidentes e uma pandemia mundial. Não faltaram histórias nos 40 anos do Aeroporto Internacional de Guarulhos

Edvaldo Nunes

redacao@guarulhostododia.com.br

Arquivo Infraero / GRU Airport

Publicado em 20/01/2025 às 23:27 / Leia em 8 minutos

No dia 20 de janeiro de 1985, o Aeroporto Internacional de Guarulhos foi inaugurado. O primeiro avião a aterrissar foi um Boeing 747-200, da Varig, então a maior companhia aérea do país. O voo veio de Nova York e sua chegada marcou a inauguração da primeira pista e do primeiro terminal de passageiros. Mais dois voos chegaram, da Transbrasil e da Vasp, fechando o primeiro dia de operação do aeroporto. Nenhuma das três empresas áreas que operaram no aeroporto no dia da inauguração estão em operação atualmente.

A cerimônia foi comandada pelo general João Batista Figueiredo, último presidente da República da ditadura militar, com a companhia do governador André Franco Montoro e do prefeito de Guarulhos, Oswaldo de Carlos, os dois já eleitos pelas urnas.

Esse foi o começo de uma história que está completando 40 anos. Mas, antes disso, se seguiram décadas de indefinição para a escolha do local onde seria construído o aeroporto internacional que faltava ao maior estado do país.

Guarulhos x Ibiúna x Caucaia do Alto

Em 1947, o movimento excessivo no aeroporto de Congonhas já mostrava a necessidade de um novo aeroporto em São Paulo. Começou um processo de busca por uma área para construção de um novo aeroporto. Vinte e três áreas foram identificadas e entre elas foi escolhido um terreno em Mogi das Cruzes, mas o projeto não foi em frente.

Só em 1960, sob pressão também pelo aumento no tamanho dos aviões, que as autoridades decidiram transformar o então Campo de Aviação de Viracopos no primeiro aeroporto internacional de São Paulo. Congonhas passou a receber prioritariamente voos domésticos, além de alguns aviões vindos de países da América do Sul.

A busca por uma área para um novo aeroporto, continuou. Uma Comissão Coordenadora do Projeto Aeroporto Internacional fez um estudo, que concluiu que não só São Paulo, mas também o Rio de Janeiro, precisavam de um aeroporto internacional, para atender ao crescimento da demanda. A Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro; e a Base Aérea de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos, foram as áreas indicadas como as ideais para os projetos. Entre outros motivos, por já serem áreas militares, reduzindo os custos com desapropriações.

A escolha em São Paulo desagradou muita gente. A área de Cumbica era sujeita a muitos nevoeiros, porque tinha terrenos alagados pelo rio Baquirivu-Guaçu, cercados pela Serra da Cantareira. Esses nevoeiros já afetavam com frequência as operações na Base Aérea da FAB.

O governo de São Paulo, so o comando de Paulo Egydio Martins, que se dispôs a assumir parte da obra, indicou uma área em Ibiúna como a ideal. Depois, Martins, governador indicado pela ditadura, optou por uma área em Caucaia do Alto, um distrito da cidade de Cotia.

O sucessor de Martins, governador André Franco Montoro, eleito, foi contra o projeto do aeroporto internacional de São Paulo. Houve também um grande movimento de resistência da comunidade de Caucaia do Alto, contra o desmatamento em uma importante área de Mata Atlântica da região. Essa situação tornou inviável a primeira escolha do governo paulista.

No fim, prevaleceu a escolha da Aeronáutica. Na gestão do presidente Ernesto Geisel, com Paulo Maluf no governo de São Paulo, começou o processo de desapropriações que permitiria o início da construção do novo aeroporto internacional. As obras começaram em agosto de 1980.

Os nevoeiros de Cumbica

O início da operação mostrou que o grupo que criticava a escolha de Cumbica para o novo aeroporto, tinha um bom argumento. Os nevoeiros no período da manhã se tornaram um grande problema, especialmente no inverno. Um problema que sempre foi conhecido na região. O termo Cumbica, em tupi-guarani, significa “nuvens baixas”.

Trinta e oito voos foram desviados de Guarulhos para Viracopos e Rio de Janeiro entre a noite de 17 de julho de 1998 e a manhã seguinte. O motivo, segundo reportagem da época, da Folha de S. Paulo, foi “o mais forte nevoeiro do ano”. Viracopos, que recebia 1.500 passageiros por dia, em média, recebeu mais 750 naquele período. Quem desembarcou lá, foi levado de Campinas para São Paulo em ônibus e peruas fretados pelas companhias aéreas. Alguns passageiros tiveram que esperar até três horas para conseguir transporte.

No dia 23 de junho de 1999, um forte nevoeiro obrigou o desvio de 23 voos que iriam pousar em Guarulhos para os aeroportos de Campinas, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Naquele dia, o aeroporto de Guarulhos teve que operar por instrumentos por seis horas.

Não apenas os nevoeiros eram culpados pelo fechamento frequente do aeroporto de Guarulhos em dias de inverno. A falta de instrumentos mais modernos para a operação também era um motivo. O chamado ILS (Instrument Landing System) disponível na época em Guarulhos era o de categoria 2, que permitia a operação com teto de até 200 pés (cerca de 60 metros). Com visibilidade abaixo disso, os instrumentos não garantiam uma operação segura.

Na época já era disponível a tecnologia ILS categoria 3, mas o custo era muito alto e se avaliava que o investimento não compensaria, porque os fechamentos só aconteciam em alguns dias do ano. O problema prosseguiu. Em 2007, um raio atingiu o defasado sistema ILS 2 do aeroporto. O conserto demorou 29 dias, deixando a operação de Guarulhos sujeita a interrupções, mesmo com nevoeiros mais fracos.

Em 2011, a Infraero, que ainda administrava o aeroporto, decidiu investir e instalar o ILS 3. Mas em 2013, já sob a administração privatizada, assumida pela GRU Airport, o equipamento ainda não estava operando, por “falta de adequações e preparação da infraestrutura”. Em 2015 foi instalado o sistema ILS III-A, o mais moderno disponível, que permite pousos e decolagens com visibilidade quase zero.

Acidentes históricos

O nevoeiro forte foi o principal motivo de um dos primeiros grandes acidentes no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Em 28 de janeiro de 1986, alguns dias depois do aeroporto ter completado seu primeiro ano, um Boeing 373-200 da Vasp bateu em barranco, quando se preparava para decolar para Belo Horizonte. O avião era ocupado por 67 passageiros e cinco tripulantes. Um passageiro morreu.

Em 1989, um avião de carga da Transbrasil, um Boeing-707, caiu sobre casas no Jardim Ipanema, em Guarulhos. O avião estava em procedimento de pouso, quando atingiu um prédio de três andares e dois sobrados. O avião explodiu e pegou fogo. Os três tripulantes da aeronave e mais 22 pessoas morreram. Se quiser mais informações sobre esse acidente, veja depois esse vídeo do canal Realmente Curioso.

Outro acidente que marcou a cidade teve como vítimas os integrantes da banda Mamonas Assassinas. O grupo, talvez o grande nome mais conhecido na área de cultura com origem em Guarulhos, voltava para casa, depois de uma apresentação em Brasília.

No auge do sucesso nacional, o grupo embarcou em um jatinho de táxi aéreo. O piloto chegou a tentar fazer o procedimento de pouso, mas não conseguiu. Entrou em contato com a torre de controle de Guarulhos e pediu autorização para reiniciar o procedimento. Recebeu permissão, mas o avião acabou caindo na Serra da Cantareira. Os quatro integrantes do grupo, o piloto, dois assistentes e o segurança morreram no acidente.

Pandemia

Em sua história de 40 anos, o Aeroporto Internacional de Guarulhos enfrentou também uma pandemia mundial. As viagens de avião, um momento em que centenas de pessoas ficam confinadas em um mesmo ambiente por horas, foi uma das experiências mais afetadas. E uma das primeiras a serem interrompidas na maior parte do planeta.

Em 2019, ano anterior ao início da pandemia, Guarulhos registrou movimentação de 43.022.119 passageiros no ano. Em 2020,com a pandemia decretada em março, o número caiu para 20.322.520. No ano seguinte, 2021, foram transportados 24.170.612. Em 2023, a recuperação atingiu o número de 41.307.915. E no ano passado, com a normalização completa da situação, foi superado o recorde pré-pandemia, com 43.580.962 passageiros transportados.

LEIA TAMBÉM -> Investimentos, obras e salas VIP: o que será do Aeroporto de Guarulhos no futuro

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