O registro de milhares de casos de virose entre o fim de 2024 e o início de 2025 na Baixada Santista, especialmente no Guarujá e na Praia Grande, levantou um debate sobre a qualidade da água das praias paulistas. O mês de janeiro começou com 38 praias do litoral de São Paulo sinalizadas como impróprias para banho, agora neste dia 15 esse número já subiu para 51. A aferição é realizada semanalmente e divulgada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, a Cetesb. Vamos te explicar como esse trabalho é feito.
São monitoradas 175 praias, localizadas em 15 diferentes municípios paulistas, com foco no grupo de bactérias chamado enterococcus, principal causadora de gastroenterite. Em entrevista à Agência SP, a doutora Claudia Lamparelli, gerente do setor de qualidade de água litorâneas da Cetesb, explica que a poluição no mar da praia pode acontecer por alguns fatores.
“No verão, há um aumento significativo na pluviosidade (quantidade de chuva que cai em uma determinada região durante um período específico), além do aumento do número de turistas, o que resulta em maior produção de esgoto. Esses dois fatores, combinados, acabam impactando negativamente a qualidade da água do mar”.
Segundo Claudia, todo fim de semana técnicos coletam amostras de água do mar que são entregues a dois laboratórios, localizados em Cubatão e Taubaté. Lá, elas são filtradas e após 24 horas é feita a contagem do número de bactérias fecais presentes.
A análise da qualidade da água é baseada no critério da resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que só classifica a praia como própria para banho se, nas últimas cinco análises, pelo menos duas não passem de 100 enterococcus na água.
Se reprovada no teste de balneabilidade, a praia passa a ser sinalizada com uma bandeira vermelha. Já a bandeira verde significa que a praia foi aprovada e está apta para banho. A Cetesb recomenda que a população não entre no mar se a praia estiver classificada como imprópria.
O Mapa de Qualidade das Praias da Cetesb pode ser consultado no site ou no aplicativo da companhia.

O risco do banho de mar em praias impróprias
A água contaminada por esgotos domésticos, ao atingirem as águas das praias, pode expor os banhistas a bactérias, vírus e protozoários. Estes microrganismos são responsáveis pela transmissão, aos banhistas, de doenças de veiculação hídrica tais como gastroenterite, hepatite A, cólera, febre tifóide, entre outras.
Do ponto de vista de saúde pública, é importante considerar não apenas a possibilidade da transmissão dessas doenças, mas também a presença de organismos patogênicos oportunistas, responsáveis por dermatoses e outras doenças, como conjuntivite, otite e doenças das vias respiratórias.
A doença mais comum associada à água poluída por esgotos é a gastroenterite, que apresenta um ou mais dos seguintes sintomas: enjoo, vômitos, dores de estômago, diarreia, dor de cabeça e febre. Outras manifestações menos graves incluem infecções dos olhos, ouvidos, nariz e garganta.
O fato de a praia estar imprópria não significa que todas as pessoas que se banharem no local irão contrair alguma dessas doenças. Isso depende das condições imunológicas e do tipo de exposição de cada um (se fica muito tempo na água, se mergulha a cabeça, se engole água). A impropriedade significa que existe o risco de se contrair tais doenças.
O que diz o governador de São Paulo
Em entrevista que contou com a participação do Guarulhos Todo Dia na segunda-feira (13), o governador Tarcísio de Freitas falou sobre os casos de norovírus no litoral paulista. A contaminação foi a causa de muitos atendimentos por gastroenterite nos primeiros dias do ano.
Em resumo, Tarcísio admitiu que o saneamento básico no litoral é vulnerável. Ele disse ainda que há áreas “não alcançadas” pelo contrato anterior com a Sabesp e que se procurou fazer a privatização incluindo o saneamento nestas áreas.
O chefe do Executivo paulista listou problemas como áreas informais não consolidadas que não dispõem de saneamento, ligações clandestinas, despejos em caixas litorâneas em que toda drenagem se volta para o oceano. As soluções para estes problemas estariam previstas no novo contrato com a Sabesp privatizada. Segundo Tarcísio, “são quase R$ 3 bilhões que serão investidos nos próximos quatro anos, na Baixada Santista, no novo contrato”.
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