As obras de canalização do Córrego dos Cubas, junto ao Bosque Maia, podem ajudar a reduzir os alagamentos frequentes na região. Os pontos que costumam ser mais afetados pelas chuvas fortes são a esquina das avenidas Salgado Filho e Suplicy e o trecho próximo da avenida Benjamin Harris Huniccut. A conclusão das obras pode reduzir o problema. A informação é da Prefeitura de Guarulhos, que respondeu às insistentes perguntas do Guarulhos Todo Dia sobre a obra.
O GTD buscava essas informações desde novembro do ano passado, ainda na gestão Guti. No entanto, a prefeitura só respondeu agora, no segundo mês da gestão de Lucas Sanches.
Valorização dos terrenos
Segundo a prefeitura, os terrenos ao redor do trecho canalizado não são públicos. Ou seja, pertencem a particulares e não possuíam nenhuma construção. Após a obra, a valorização desses terrenos será alta devido à localização. Assim, a informação sobre uma possível “corrida imobiliária” na região pode estar correta. Além disso, já há especulação para uma das primeiras construções na avenida: mais uma filial de uma tradicional rede de padarias da cidade. A confirmar.
Ainda de acordo com a prefeitura, a avenida Dona Rosa Maria da Conceição Barbosa, que acompanha esse trecho do córrego, receberá pavimentação e trânsito local. No entanto, moradores do Residencial Mazzei, que utilizam a via, têm dúvidas. Eles questionam se o novo asfalto terá qualidade superior ou manterá o mesmo padrão ruim anterior. Além disso, não sabem se o trânsito seguirá em mão dupla, com pistas simples.
Sobre as obras
A Prefeitura de Guarulhos interditou a avenida Dona Rosa Maria da Conceição Barbosa no dia 3 de outubro passado. O bloqueio ocorreu entre a avenida Papa João XXIII e a rua Miguel Ricci, no Residencial Mazzei. Para informar a população, a administração municipal instalou placas no início e no fim do trecho. No entanto, como a interdição ocorreu durante o período eleitoral, as placas não traziam menção ou símbolo da prefeitura.
As placas indicam que a interdição ocorreu para a canalização do Córrego dos Cubas, entre as avenidas João XXIII e Salgado Filho. A Secretaria de Obras gerencia o projeto. Já a execução fica sob responsabilidade da empresa MP Terraplenagem, Engenharia e Construções. Outras informações importantes também estão nas placas. Elas exibem os números de autorização ambiental, licença prévia e autorização da obra. Além disso, mostram a outorga do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), pois a intervenção ocorre em um córrego.
Por fim, um dos dados mais relevantes nas placas é o valor do contrato: R$ 11.359.619,12. Questionamos a prefeitura sobre a origem dos recursos. A administração municipal afirmou que o dinheiro vem do orçamento público. Isso desmente um boato que circulava entre os moradores. Muitos acreditavam que uma construtora bancaria os custos, como compensação por irregularidades cometidas em uma terraplenagem incorreta na região da Dutra.
A questão ambiental
Os moradores da região ficaram surpreendidos com o início das obras. Essa era uma reivindicação antiga de quem vive por ali. Nos últimos anos, várias reuniões foram feitas com a prefeitura, em mais de uma gestão. Sempre eram apresentadas justificativas para a dificuldade da obras. O primeiro argumento sempre era a questão ambiental.
A área ciliar, em volta do córrego, não poderia sofrer interferências e ali seria uma área de proteção ambiental. Várias obras menores, inclusive de moradores, chegaram a ser embargadas judicialmente, com esse argumento. Outra justificativa frequente era o alto custo das obras de canalização.
Guarulhos Todo Dia pediu informações para o Ministério Público Estadual sobre a regularidade da obra de canalização, do ponto de vista ambiental. A resposta foi de que existe na Promotoria de Justiça de Guarulhos um inquérito civil em andamento, sobre a regularidade da canalização do Córrego dos Cubas. Segundo a nota do MP, “no momento não há novidades”. E, segundo a assessoria, como o caso está em andamento, os promotores não dão entrevista sobre o assunto.
Quando fica pronto?
A prefeitura de Guarulhos respondeu também sobre o prazo de conclusão da obra. Seria de 90 dias. Para quem acompanhou de perto e desde o início, as obras realmente ocorreram em ritmo acelerado. Começaram em outubro e em dezembro, no dia 8, feriado de aniversário da cidade, continuavam a pleno vapor, enquanto a maioria dos guarulhenses descansava. Só pararam no período de Natal e Ano Novo.
De qualquer forma, apesar do ritmo intenso, já é certo que este prazo não foi cumprido. Considerando que as obras começaram no início de outubro, o prazo de 90 dias se encerraria no final de dezembro ou início de janeiro. Mas, pelo menos de um ponto de vista de leigo, elas estão em fase bem adiantada apenas na primeira metade do trecho. E nem ali é possível imaginar que a obra esteja concluída até o final deste mês.
Na segunda parte, entre as ruas Miguel Ricci e a avenida Salgado Filho, não há sinal de início das obras. No máximo, os moradores relatam terem visto medições e marcações no asfalto neste segundo trecho. Provavelmente, para reduzir o impacto na região, o planejamento é fazer as obras em duas etapas. Mas isso significa de que o prazo de conclusão vai se estender por mais alguns meses.
O certo é que essa segunda parte da obra terá uma série de desafios. É neste segundo trecho que se concentram as ruas do Residencial Mazzei. Todas as ruas não têm saída. A única forma de sair de lá, para esses moradores, é pela avenida Dona Rosa Maria da Conceição Barbosa. O ideal seria que a obra, nesse trecho, fosse feita só na área do próprio córrego, sem afetar a avenida. Não temos informação sobre como serão essas obras. É uma nova etapa, que o GTD vai continuar acompanhando.
Leia mais: Canalização do Córrego dos Cubas: prefeitura responde sobre as obras e dá pistas sobre futuroUma nova avenida? Uma extensão do Bosque Maia? Que obra é essa?