Guarulhos é a cidade da região metropolitana de São Paulo onde os moradores passam mais tempo no transporte coletivo. Em média, são 96 minutos de deslocamento. Esse tempo é uma média, levando em conta desde a população que mora perto do trabalho ou local de estudo até as pessoas que precisam ir diariamente para fora da cidade. Alguns guarulhenses chegam a perder mais de cinco horas no trânsito em deslocamentos diários, conforme reportagem do Guarulhos Todo Dia mostrou recentemente.
O dado consta na Pesquisa Origem e Destino 2023, realizada pelo Metrô. O estudo, que apresenta números relevantes sobre a mobilidade urbana na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), aponta mudanças significativas nos padrões de deslocamento da população em relação à pesquisa anterior, de 2017. O levantamento mais atual foi feito entre agosto de 2023 e meados de 2024, com 74 mil domicílios visitados, resultando em 32 mil domicílios válidos e 79 mil pessoas pesquisadas.
Para anunciar os projetos de expansão nos trilhos em São Paulo, o governo paulista detalhou as regiões com maior tempo de deslocamento. Os moradores de Itaquaquecetuba, por exemplo, gastam cerca de 84 minutos no transporte coletivo. Na região de Bonsucesso, em Guarulhos, o tempo de deslocamento médio é de 72 minutos para viagens com transporte coletivo.
Guarulhos tem dois projetos do Metrô em andamento. O mais adiantado deles é o da expansão da Linha 2-Verde, que terá estações na Ponte Grande e na Dutra. E o outro é o da Linha 19-Celeste, que deve lançar licitação em breve. Além disso, também existe o plano de extensão da Linha 13-Jade até Bonsucesso, após leilão para iniciativa privada. Outra ação discutida é a de um VLT que ligaria Guarulhos e o ABC, com a Linha 14-Ônix. No entanto, mesmo se não tiverem alterações no cronograma atual, todas essas entregas previstas para a nossa cidade vão acontecer somente depois de 2030.
No estudo do Metrô, a RMSP foi dividida em sub-regiões. Guarulhos está classificada no levantamento como “sub-região Nordeste”, com Arujá e Santa Isabel. Apesar do enorme perrengue no trânsito diário e de ter oferta de transporte sobre trilhos incipiente, essa é a região onde proporcionalmente mais se utiliza transporte coletivo: 50,8%, contra 49,2% de transporte individual. Fica atrás somente da capital paulista (54,7% x 45,3%).
A região da Grande São Paulo que mais usa carro é a Oeste (composta por Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista): 69% de meios de mobilidade individual, contra 31% de coletivo.
A renda familiar média mensal na RMSP atingiu R$ 6.776 em 2023, um aumento de 38,1% em relação a 2017, mas a região guarulhense é a que registra a menor renda média familiar mensal, com R$ 4.958 –valorização de 18,9% em relação a 2017, quando essa quantia era de R$ 4.169. Foi a menor valorização entre todas as regiões:
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- Sub-região Centro: São Paulo.
- Sub-região Norte: Cajamar, Caieiras, Franco da Rocha, Francisco Morato e Mairiporã.
- Sub-região Nordeste: Arujá, Guarulhos e Santa Isabel.
- Sub-região Leste: Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis e Suzano.
- Sub-região Sudeste: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
- Sub-região Sudoeste: Embu das Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra e Taboão da Serra.
- Sub-região Oeste: Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista.
Uso do transporte individual em alta
A Pesquisa Origem e Destino 2023 aponta para um aumento no uso do transporte individual na região metropolitana de São Paulo. A distribuição percentual das viagens motorizadas por transporte individual passou de 45,9% para 51,2%, enquanto o transporte coletivo teve uma redução de 54,1% para 48,8%. Em relação às viagens não motorizadas, o uso de bicicletas aumentou de 2,8% para 4,5%, enquanto as viagens a pé diminuíram de 97,3% para 95,5%.
No total, entre 2017 e 2023, houve perda de 6,346 milhões de viagens diárias como um todo. O transporte coletivo perdeu 3 milhões de viagens; o individual perdeu 116 mil viagens; a população cresceu 2% e a frota de automóveis aumentou 22%; os empregos cresceram 11,7%; as matrículas diminuíram 6,5%.
São dados macro que, de certa forma, dão ideia da diversidade de situações em relação à mobilidade de 2023. Onde ocorreu a perda de cerca de 3 milhões de viagens no transporte coletivo? Basicamente no transporte por ônibus, que reduziu 2,6 milhões de viagens. E no transporte individual? O automóvel perdeu cerca de 886 mil viagens, apesar do aumento da frota de 22% entre 2017 e 2023, hoje de 5,375 milhões de automóveis particulares. Assim, a performance do transporte individual, resultando em 51,2% das viagens motorizadas, se deveu ao aumento do transporte por táxi convencional e por aplicativo (137%) e por motocicleta (16%).
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