Entenda as mudanças no mercado de canetas emagrecedoras

Exigência de receita, nova substância e tendência de queda de preços: novidades dos remédios que mexeram com os tratamentos para emagrecer

Edvaldo Nunes

redacao@guarulhostododia.com.br

Guarulhos Todo Dia

Publicado em 11/06/2025 às 15:43 / Leia em 6 minutos

A chegada ao Brasil do Mounjaro, nome comercial do remédio com a substância tirzepatida, movimentou recentemente o mercado das chamadas “canetas emagrecedoras”. O medicamento foi aprovado no dia 9 pela Anvisa para o tratamento do diabetes e para perda de peso. E é justamente o bom resultado no emagrecimento que atrai tanta atenção para este remédios e todos os que funcionam com o mesmo princípio.

Antes do Mounjaro, do laboratório Eli Lilly, outros remédios com atuação semelhante já registraram boas vendas nos últimos anos, como os pioneiros Victoza e Saxenda (ambos com a substância liraglutida) e os mais recentes Ozempic, Wegovy e Rybelsus (semaglutida). Destes, o Rybelsus é o único em que a substância é administrada em comprimidos e não no formato de líquido injetável (com o uso da “caneta”).

A partir do próximo dia 23 de junho, todos estes e mais outros medicamentos do mesmo gênero só poderão ser vendidos com apresentação de receita médica. A receita ainda terá uma cópia retida na farmácia. A fotografia que ilustra este texto é de um aviso em farmácia de Guarulhos, de uma das grandes redes do setor. O aviso lista todas as substâncias incluídas na nova exigência. São elas: semaglutida, tirzepatida, liraglutida, insulina glargina + lixisenatida, insulina degludeca + liraglutida e dulaglutida.

A aproximação da data em que haverá exigência de receita aumentou a procura por esses medicamentos nas farmácias da cidade. Em visita a quatro delas, constatamos que em algumas não há Mounjaro disponível para venda imediata e em outras a compra deve ser feita pelo site da rede, com espera de cinco dias para entrega.

A procura por esse tipo de medicamento só não é maior por conta do seu alto preço. Guarulhos Todo Dia já tratou da questão do preço do Mounjaro, a substância mais moderna à disposição no mercado. Mas há uma outra novidade chegando, que pode começar a mudar essa realidade. A farmacêutica EMS prevê lançar em agosto a sua versão de canetas emagrecedoras: Olire e Lirux serão os nomes comerciais dos produtos, que terão como base a substância liraglutida. Segundo a EMS, a fabricação será totalmente nacional e os novos medicamentos devem custar entre 10% e 20% menos que as marcas de referência.

A ação das canetas emagrecedoras

Essas substâncias surgiram na pesquisa para o tratamento da diabetes. A liraglutida é uma substância classificada como “agonista do GLP-1”. Ou seja, ela provoca uma reação desse GLP-1, que é um hormônio produzido naturalmente pelo intestino e que atua na liberação de insulina. Ou seja, favorece os diabéticos. O GLP-1 também é um regulador fisiológico do apetite e se constatou durante o uso em pacientes diabéticos que eles perdiam peso com mais facilidade.

A liraglutida (Victosa e Saxenda) foi o primeira substância desenvolvida para tratamento de diabetes, que teve também indicação para o combate à obesidade. Depois, surgiu a semaglutida (Ozempic, Wegovy e Rubelsus), que tem uma atuação semelhante, mas com maior permanência no organismo. As duas substâncias promovem perda de peso em torno de 6% ao longo de 12 semanas.

As pesquisas levaram à descoberta de uma outra substância, a tirzepatida (Mounjaro e Zepbound), que além de atuar sobre o GLP-1, age também sobre outro hormônio envolvido na regulação do metabolismo, o GIP. Com essa substância, a perda de peso chega a 20% em um período de 36 semanas. E já está em pesquisa uma nova substância: a retratutida. Além de atuar sobre GLP e GIP, ela age também sobre o GCG, que aumenta o nível de glicose no sangue. Ainda não há nenhum remédio feito a partir dessa substância, mas a expectativa é de que, confirmados os resultados atuais da pesquisa, ela promova uma perda de peso de 24% no período de um ano.

Cuidados no uso das canetas emagrecedoras

Como qualquer remédio, o uso das canetas emagrecedoras exige cuidados. Para entender melhor os benefícios e os riscos dessa medicação, que vem causando tanta procura, nós ouvimos o endocrinologista André Luiz Carvalho, do programa Obesidade, da Medicina Preventiva da Unimed Guarulhos.

Em relação ao Mounjaro, o médico lembra que ele estava liberado no Brasil desde 2023, para o tratamento de diabetes tipo 2. O uso no combate à obesidade era uma indicação “off label”. Agora, com a liberação da Anvisa, o Mounjaro poderá ser usado para emagrecimento por pessoas com índice de massa corporal (IMC) acima de 30 ou pessoas com sobrepeso (IMC a partir de 27) e com alguma comorbidade. Por exemplo, esteatose hepática (gordura no fígado).

Em relação aos efeitos colaterais apresentados por esse tipo de remédio, Dr. André relata que, até agora, eles se limitaram a náuseas, vômitos, diarreia ou constipação intestinal. São sintomas que podem ser controlados com ajustes no uso, acertado em consultas com médico especialista. Ou seja, os remédios podem ser usados por um período prolongado, sem registrar problemas de saúde.

Mas, segundo o endocrinologista, não significa que os pacientes tenham que usar a medicação para “sempre”, como no caso de doenças crônicas. O tratamento, com acompanhamento de especialistas, pode indicar o momento em que, atingido o peso esperado, o uso da medicação possa ser suspensa. E, se necessário, retomada. se após a suspensão o aumento de peso for além do esperado.

Para evitar o chamado “efeito sanfona”, o endocrinologista afirma que, como em qualquer tratamento para emagrecimento, o paciente deve associar a prática de exercícios físicos à redução no consumo de alimentos. O que sempre vai determinar a perda de gordura corporal é o chamado déficit calórico. Ou seja, você deve gastar mais calorias do que consome para perder peso. “Não há como encurtar o caminho”, afirma o Dr. André Luiz Carvalho.

O tratamento, se necessário, deve incorporar também outras medicações. Há pessoas que vão precisar de remédios para controlar outros fatores que influenciam no consumo de alimentos, como a ansiedade. E há aquelas para que precisarão de medicamentos que ajudem a diminuir ainda mais o consumo de calorias, como os remédios que reduzem a absorção da gordura dos alimentos pelo organismo. Tudo com orientação médica e, se possível, com uma equipe multidisciplinar, que inclua nutricionistas e educadores físicos.

O efeito sanfona é um perigo para o emagrecimento, porque a cada vez que se recupera peso, a tentativa seguinte de emagrecer será mais difícil. Segundo o médico, para cada quilo perdido, aumenta a fome em 100 calorias e diminui em 30 calorias o gasto energético com a prática de atividade física. É importante ainda associar ao tratamento um aumento no consumo de água e a adoção de 7 a 9 horas de sono por noite.

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