A aguardada construção da Linha 19-Celeste, que ligará Guarulhos ao centro da capital paulista, segue movimentando o mercado de infraestrutura no país. O Metrô de São Paulo se prepara para divulgar o resultado da licitação bilionária neste mês, e o projeto já atrai a atenção de grandes construtoras, tanto nacionais quanto estrangeiras.
A licitação para as obras civis da Linha 19-Celeste foi dividida em três lotes, com os leilões digitais agendados para os dias 22, 23 e 24 de julho. Reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico nesta sexta-feira (11) citou as empresas que estão analisando de perto a concorrência e que, inclusive, já participaram de visitas técnicas, como:
- Acciona em parceria com a Construcap
- Mendes Júnior em conjunto com a Power China
- Sacyr ao lado da Engibras
- Andrade Gutierrez.
- Álya (representando a Queiroz Galvão)
- OHLA
Pelo menos 15 grupos já demonstraram interesse ativo, participando das visitas técnicas ao projeto. O valor total do empreendimento é estimado em cerca R$ 20 bilhões, englobando não apenas as obras, mas também a sinalização e a aquisição dos futuros trens.
Preocupações com o projeto do Metrô
Apesar do grande interesse, o setor privado tem levantado algumas questões e preocupações em relação ao processo. Houve um pedido para o adiamento da entrega de propostas em 45 dias, o que foi atendido pelo Metrô, mas alguns grupos ainda consideram o prazo apertado.
As principais preocupações apontadas por fontes do setor incluem a incerteza quanto ao financiamento para as construtoras; dúvidas sobre a real disponibilidade de recursos públicos para a obra até 2031; críticas sobre as atestações técnicas exigidas pelo edital, consideradas muito restritivas; e apontamento de possíveis erros na planilha de quantidades, utilizada para o cálculo do orçamento.
Em resposta a essas preocupações, o diretor de engenharia e planejamento do Metrô, Roberto Torres, disse ao Valor Econômico que os recursos para a construção virão do orçamento do Estado, que, segundo ele, não apresenta problemas de caixa. Ele destacou que já há R$ 400 milhões reservados para desapropriações neste ano, e uma reserva similar é esperada para 2026.
Torres também mencionou que instituições financeiras como o Banco Mundial, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento) têm sido parceiras no apoio às obras do Metrô.
Sobre as atestações e planilhas, o diretor afirmou que o projeto é avaliado como aderente, mas que há espaço para revisões, e que o contrato prevê mecanismos para ajustes, caso se justifiquem. Ele também reiterou que os requisitos foram cuidadosamente definidos para não excluir grupos já atuantes em obras do Metrô.
Linha 19-Celeste deve ser concedida
Enquanto a licitação para as obras avança, o governo de São Paulo também estuda uma futura concessão para a operação da Linha 19-Celeste. Essa concessão pode ocorrer em bloco com uma linha já existente do sistema metroviário. A Secretaria de Parcerias de Investimentos prevê concluir esses estudos e lançar uma consulta pública sobre o modelo de concessão ainda no segundo semestre de 2025.
O modelo provável para a Linha 19-Celeste é semelhante ao adotado na Linha 4-Amarela, onde o Estado realiza as obras de infraestrutura, e posteriormente, a operação, sinalização e compra dos trens são concedidas à iniciativa privada.

Metrô em Guarulhos
A Linha 19-Celeste é um projeto ambicioso que visa estabelecer uma ligação subterrânea direta entre o centro de São Paulo, na região do Anhangabaú, e Guarulhos, até a altura do Bosque Maia. O plano prevê a construção de 15 estações, totalizando 17,6 quilômetros de vias, além da inclusão de um pátio para manutenção dos trens. O investimento estimado para a implantação completa da linha é de R$ 19,5 bilhões, cobrindo obras civis, sistemas, desapropriações e a aquisição dos trens.
As obras civis serão realizadas em três frentes de trabalho simultâneas, utilizando três grandes máquinas perfuradoras de túneis, os famosos “tatuzões”. O projeto executivo, que detalha a obra, deverá ser concluído em 2026, com o início das obras civis previsto para ocorrer entre o final de 2026 e o início de 2027. O Metrô diz oficialmente que a previsão é que tudo fique pronto até 2031, mas é muito difícil acreditar na operação funcionando antes de 2032 ou 2033.
Uma vez em operação, a linha contará com 31 trens e terá capacidade para transportar até 630 mil passageiros por dia, com a expectativa de reduzir o tempo de viagem entre Guarulhos e o centro de São Paulo em até uma hora. A linha também oferecerá integração com outras importantes linhas do Metrô, como a Linha 1-Azul, Linha 2-Verde e Linha 3-Vermelha, além de potencial para futuras conexões com a rede metropolitana de trens.
Questionado sobre a possibilidade de atrasos, Roberto Torres enfatizou que o projeto tem um planejamento estruturado e recursos disponíveis. Ele ressaltou que atrasos anteriores não foram necessariamente por falha no planejamento, mas por impactos de eventos como a Operação Lava-Jato, que afetaram empresas contratadas. A divisão da obra em três lotes e o uso simultâneo de três “tatuzões” prometem celeridade ao processo.