O motociclista que passa na praça de pedágio de Arujá não é cobrado desde 2022, quando entrou em vigor o novo contrato da concessionária CCR RioSP. E essa regra não vai mudar. No entanto, com a inauguração do sistema free flow nas pistas expressas da Via Dutra, entre os km 205 (Arujá) e 230 (São Paulo), as motos que acessarem a expressa da rodovia terão que pagar meia-tarifa do pedágio. Ao contrário dos motoristas de automóveis, porém, os pilotos de motocicleta não conseguem utilizar a tag de pagamento automático –tal condição não deve mudar tão cedo.
No Contorno Sul da Rodovia dos Tamoios, por exemplo, quando um motociclista passa pelo free flow, o sistema faz a leitura da placa da moto e registra a cobrança da tarifa do pedágio. Para realizar o pagamento, ele deve acessar o App Tamoios ou o site da concessionária em até 30 dias para evitar a multa por evasão de pedágio.
Quando o free flow for liberado no trecho de Guarulhos das pistas expressas da Via Dutra, o procedimento será o mesmo. Em entrevista ao Guarulhos Todo Dia, Humberto Filho, coordenador do Comitê Jurídico Regulatório da Abepam (Associação Brasileira das Empresas de Pagamento Automático para Mobilidade) e Head de Relações Institucionais do Sem Parar, explica que a tag não está disponível por uma questão de segurança.
As concessionárias e as agências reguladoras, como ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), acreditam que a liberação do pagamento automático nos pedágios aumentaria o risco de acidentes.
“Na praça tradicional, o fluxo de caminhões é muito grande, por exemplo. Então, se a cancela não abre, e fica uma moto entre dois caminhões, o risco de acontecer um acidente grave é muito alto. Essa é a questão que tem que ser equacionada”, aponta o executivo.
![Praça de pedágio de Arujá, na Via Dutra, administrada pela CCR RioSP](https://controle.guarulhostododia.com.br/wp-content/uploads/2025/02/pedagio-aruja-ccr-riosp-motos-foto-reproducao-1024x634.jpg)
O ideal seria a construção de pistas exclusivas para cobrança automática de motos onde existe a praça tradicional. Parece até uma obra simples de se fazer e pouco custosa, mas o mercado de concessionárias não aceitaria essa obrigação sem algum tipo de contrapartida. “A gente tem discutido esse assunto em detalhes já há algum tempo com as agências, com a Artesp, com a ANTT, a Abepam, para tentar equacionar uma solução que seja economicamente viável também para as concessionárias”, diz Humberto Filho.
Já se estudou, inclusive, liberar tag para moto só em estacionamento e nas outras situações de uso, como em postos de combustível. É do interesse do mercado de tags. No entanto, o problema é que a grande maioria dos motociclistas tentaria passar também na praça de pedágio.
“Não é uma questão tecnológica. As associadas da Abepam já têm uma solução, uma tag muito semelhante, com uma pequena adaptação em relação ao que existe hoje para carro. Ela só, em vez de ser colada no para-brisa, seria hipoteticamente colada no farol da moto, e teria o mesmo padrão de leitura, o mesmo padrão de segurança que existe hoje. É uma questão operacional que envolve principalmente o governo e as concessionárias”.
Humberto Filho, coordenador do Comitê Jurídico Regulatório da Abepam
O free flow na Via Dutra será liberado após a conclusão das obras de melhorias realizadas pela CCR RioSP. A previsão é que os trabalhos sejam concluídos em abril deste ano. No caso do trecho de Guarulhos da Rodovia Presidente Dutra, as motos ou qualquer outro tipo de veículo não terão que pagar ao utilizarem a pista local, que continuará livre de cobranças.
Além da conveniência, uma outra grande desvantagem para o motociclista impedido de utilizar tags é não ter acesso aos descontos progressivos oferecidos nesse tipo de forma de pagamento. Para o piloto de moto que quiser utilizar a expressa e pagar o free flow, a dica é baixar o aplicativo da CCR Rodovias para ser comunicado sobre a necessidade de pagamento.
Humberto Filho acredita que a implementação crescente do sistema de pedágio sem cancelas pode acelerar o debate para a liberação das tags para motociclistas.
“Com o free flow, elimina esse problema da segurança, não teria essa paralisação na cabine e existe essa tendência dos novos contratos de concessão, todos já preveem o free flow. Quando for 100% free flow, esse problema não existe mais, a gente poderia liberar o tag para moto no dia seguinte. O problema é que a gente acha que esses dois sistemas vão continuar convivendo, o sistema com praça tradicional e o sistema free flow, vão continuar convivendo por mais um bom tempo, uns 15, 20 anos ainda”.