O início da operação do free flow nas pistas expressas da Via Dutra, em Guarulhos, causa preocupação entre usuários frequentes da rodovia administrada pela concessionária CCR RioSP. O pedágio com cobrança automática e sem cancelas terá preço dinâmico, que ficará mais caro conforme o volume de veículos, e proporcional ao trecho percorrido. Quem utilizar as pistas locais continuará isento de pagamento.
Por ser implementado em um trecho urbano, que conecta Guarulhos a São Paulo, o free flow da Dutra será a maior operação de pedágio sem cancelas do Brasil. A previsão é que seja inaugurado entre maio e junho. O atual contrato de concessão começou a valer em 2022, durante o governo do então presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, Tarcísio de Freitas era ministro da Infraestrutura e foi o “cabeça” do leilão.
Agora governardor de São Paulo, Tarcísio tem na concessão, ampliação e modernização de rodovias estaduais uma das bandeiras de seu mandato. Lançou neste mês o programa “São Paulo pra Toda Obra“, que reúne todos os investimentos de R$ 30 bilhões orçados para melhorias em rodovias públicas e concedidas.
O free flow tem uma participação importante nessa iniciativa. Em março, os pedágios da Castello Branco e da Raposo Tavares, que fazem parte dos lotes de concessão Nova Raposo e Rota Sorocabana, tiveram o preço da tarifa reduzido por causa do pedágio sem cancelas.
O novo modelo também já está presente em outros contratos e projetos de concessão estruturados pela Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI), como a Litoral Paulista, Circuito das Águas, Rota Mogiana e Lote Paranapanema. A tarifa no trecho entre Sorocaba e Alumínio caiu mais de 20% e, com o Free Flow em operação, o valor pode cair ainda mais.
“Além de agilizar os deslocamentos, o free flow nas novas concessões garante justiça tarifária, permitindo que o motorista pague apenas pelo trecho percorrido. O sistema reconhece o veículo pela placa ou por TAG, e o valor pode ser pago via boleto ou por meio das operadoras de pagamento eletrônico”, diz o governo de São Paulo, em nota.
No caso da Dutra, que é uma rodovia federal, usuários de moto que quiserem usar o free flow terão que pagar meia-tarifa no pedágio sem cancelas. Lembrando que o valor ainda não foi divulgado. Já nas rodovias paulistas os novos contratos garantem isenção total de tarifa para motociclistas.
As vias marginais estaduais contínuas também tem gratuidade, com a cobrança somente nas expressa. O objetivo, segundo o governo de São Paulo, é oferecer “mobilidade urbana sem cobrança para os motoristas locais neste ano, o que representa um avanço importante em termos de inclusão e justiça social”.
O Rodoanel Norte, que está sendo construído em Guarulhos, também terá free flow. Aos poucos, durante a próxima década, a tendência é que praças de pedágio sejam substituídas por pórticos de free flow em todo o Brasil, afinal a gestão atual do governo federal também tem incluído a tecnologia nos novos contratos de concessão. A cobrança automática e sem cancelas é inspirada em sistemas bem-sucedidos de países como Noruega, Portugal, Canadá e Chile.
Aqui, um vídeo do Guarulhos Todo Dia explica o free flow na Via Dutra:
Free flow reduz trânsito e risco de acidentes
O governo de São Paulo divulgou dados sobre o free flow nas rodovias estaduais, indicando que um dos impactos mais relevantes da tecnologia está na melhoria da segurança viária. Com a retirada das praças físicas de pedágio, são eliminados pontos de trânsito e risco de colisões traseiras. Em Jaboticabal, por exemplo, houve uma redução de 100% nos acidentes.
Nos trechos sob nova concessão, a comparação com o modelo anterior é ainda mais expressiva: houve uma redução de até 95% na ocorrência de acidentes, reforçando o impacto direto da nova tecnologia na segurança das rodovias.
Antes da mudança, os motoristas perdiam até um minuto em paradas nas praças. Agora, com a cobrança automática, as filas foram completamente eliminadas.
O fluxo de veículos se manteve estável, demonstrando que a transição foi bem-sucedida. Em Itápolis, a variação foi inferior a 5% (de 4.976 para 4.750 veículos por dia), e em Jaboticabal, a redução foi de menos de 2,5% (de 8.624 para 8.427 veículos diários). Não houve alterações relevantes nos horários de pico ou na distribuição diária, indicando uma adaptação fluida por parte dos usuários.