Presidente da Câmara Municipal de Guarulhos, o vereador Fausto Martello registrou nesta quinta-feira (12) o Projeto de Lei Nº 226/2025, que sugere transformar o precário Terminal Rodoviário de Guarulhos no novo Mercado Municipal do Cecap. De acordo com o texto, o novo espaço seria destinado ao comércio local de produtos alimentícios, hortifrutigranjeiros, artesanato, produtos típicos regionais e outros bens e serviços de interesse da população.
Para a efetivação da mudança, a gestão Lucas Sanches, por meio das secretarias competentes, teria que adotar todas as medidas administrativas, urbanísticas e legais necessárias.
Dentre as considerações importantes estão a adequação das instalações físicas para abrigar o novo mercado, o remanejamento ou encerramento das operações de transporte intermunicipal atualmente no local, e a priorização de pequenos produtores, comerciantes locais e empreendedores do município na concessão de espaços no novo equipamento público. As despesas decorrentes da execução da lei serão cobertas por dotações orçamentárias próprias, com possibilidade de suplementação.
No entanto, vale dizer, esse é um projeto. Para ser transformado em lei, o texto precisa passar por um longo caminho, que envolve aprovação nas comissões, votação na Câmara e sanção do prefeito Lucas Sanches. Por se tratar de uma proposta do presidente da Casa, Martello, o trâmite no Legislativo pode acontecer de forma mais acelerada, mas tudo vai depender também se a gestão Lucas Sanches tem interesse no negócio.
Por que Martello quer transformar a rodoviária em Mercadão?
Como justificativa para o Projeto de Lei, Martello explica que busca atender a uma antiga demanda da população de Guarulhos, especialmente dos moradores do Cecap e região. O Terminal Rodoviário de Guarulhos tem sido, há anos, alvo de inúmeras reclamações de munícipes. Entre os problemas mais recorrentes que justificam a substituição, destacam-se:
- Estrutura física precária: O terminal sofre com falta de manutenção, banheiros em condições inadequadas, infiltrações e ausência de climatização adequada, prejudicando o conforto dos usuários.
- Insegurança: Queixas frequentes sobre furtos, violência, depredação do patrimônio público e sensação de insegurança para passageiros e funcionários, agravada pela iluminação deficiente no entorno e falta de policiamento constante.
- Baixa movimentação e subutilização: Apesar do investimento público, o fluxo de passageiros é baixo. Com a crescente preferência pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos e a facilidade de aplicativos de transporte privado, o terminal perdeu grande parte de sua relevância para o transporte rodoviário intermunicipal e interestadual.
- Falta de integração com outros modais: O terminal não se integrou de maneira eficiente à malha de transportes do município e da Região Metropolitana de São Paulo, afastando possíveis usuários.
- Problemas de limpeza e conservação: Relatos recentes apontam para a má conservação das áreas comuns, sujeira acumulada, banheiros sem condições de uso e a presença de moradores em situação de rua.
Diante desse cenário, a implantação do Mercado Municipal do Cecap é vista pelo presidente da Câmara como uma iniciativa para revitalizar e dar novo significado ao local, promovendo geração de renda, incentivo ao empreendedorismo local e oferta de produtos de qualidade à comunidade. Mercados municipais são equipamentos que demonstram grande potencial de dinamização comercial, valorização de produtores, fortalecimento do turismo, além de se tornarem polos de convivência e lazer.

Terminal do Cecap pede socorro
Em abril, o Guarulhos Todo Dia publicou uma reportagem exclusiva detalhando a situação precária do Terminal Rodoviário no Cecap. A investigação apontou problemas estruturais evidentes, como pisos soltos, paredes danificadas e cadeiras quebradas.
Apesar de ter 20 plataformas (15 para embarque e 5 para desembarque) e espaço para diversas lojas e quiosques, o terminal é considerado um “lugar quase que fantasma” devido à baixa demanda e poucas opções de ônibus para outras cidades e estados. Muitos espaços comerciais estão vazios, e o balcão de informações costuma estar desocupado. A sensação de insegurança aumenta durante a noite.
O site oficial do Terminal também se encontra abandonado e com informações desatualizadas. Historicamente, o empreendimento, construído em 2011 a custo de R$ 18,9 milhões (dos quais R$ 16 milhões vieram do Ministério do Turismo), nunca operou em sua capacidade máxima; menos de um ano após a inauguração, parte do telhado desabou, mantendo o espaço interditado até 2013.
Apesar de sua localização privilegiada, próxima ao Aeroporto Internacional e conectada à Linha 13-Jade de trens, o terminal não aproveita esse potencial. A administração, que antes era do Consórcio Terminal Guarulhos (Socicam), passou para a empresa Plataforma 15 em 2020, cujo contrato não está disponível no Portal da Transparência.
Questionada pelo Guarulhos Todo Dia na ocasião, a Prefeitura de Guarulhos informou que iria apurar as irregularidades e que a Secretaria de Obras abriu um processo administrativo para contratar uma empresa especializada para a reforma do terminal.
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