O Ministério da Saúde recebe nesta quinta-feira (09) um lote com 2.500 unidades do antídoto fomepizol, para ser usado em casos de intoxicação por metanol, relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. A carga será entregue e apresentada em um galpão em Guarulhos, em evento com a presença da secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Mariângela Simão; o diretor-presidente da Anvisa, Leandro Safatle; e a coordenadora de Inovação, Acesso a Medicamentos e Tecnologias para a Saúde da OPAS, Ileana Fleitas.
A aquisição dessa medicação é inédita no Brasil e foi realizada através do Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a importação excepcional de 2.600 frascos de fomepizol. Destes, 2.500 frascos foram comprados pelo Ministério da Saúde, para utilização no SUS, e 100 frascos foram doados pelo fabricante do medicamento, o laboratório japonês Daiichi Sankyo, através de sua subsidiária nos Estados Unidos, American Regent. As doses serão distribuídas para uso em todo o país.
O fomepizol é considerado o mais eficiente antídoto contra a contaminação por metanol. Ele age ao impedir que o metanol se conecte a uma enzima no fígado da pessoa contaminada. O metanol só se torna perigoso para o corpo humano depois de ser processado por essa enzima. Se não há conexão, a contaminação é evitada. Na ausência do fomepizol, os hospitais e órgãos de saúde utilizam o etanol puro, que também funciona com o mesmo princípio. Os dois antídotos, no entanto, só podem ser usados em ambiente hospitalar, por profissionais especializados.
Governo de SP também reforçou estoque de antídoto
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo distribuiu hoje três mil ampolas de antídoto para 21 centros de referência de saúde pública estadual. Com as novas ampolas de álcool etílico absoluto, já são 5,5 mil disponíveis para o tratamento de pacientes com intoxicação por metanol. O antídoto é usado em casos de pacientes que atendem aos requisitos definidos pelas diretrizes técnicas da secretaria. A quantidade de ampolas usadas no tratamento varia de acordo com o quadro clínico da pessoa, a depender da gravidade da intoxicação.
O total de casos de intoxicação por metanol no estado de São Paulo é de 201, sendo 181 em investigação e 20 confirmados. São 11 óbitos, sendo cinco confirmados e 6 em investigação. As mortes confirmadas hoje ocorreram nos dias 25 e 28 de setembro. Com relação aos casos descartados, o total é de 111. No dia de hoje, foram descartados 26 novos casos após análises clínicas e epidemiológicas.
A Justiça paulista autorizou a destruição imediata de 100 mil vasilhames apreendidos no inquérito que apura responsabilidades pela adulteração de bebidas. O pedido foi feito pela Polícia Civil e a autorização foi do juiz Lucas Bannwart Pereira, do Fórum Criminal Barra Funda do Tribunal de Justiça de São Paulo. No despacho, o magistrado destaca que os milhares de recipientes foram encontrados em uma suposta empresa de recicláveis que comercializava garrafas de diferentes bebidas destiladas sem controle sanitário, de origem ou de destinação, além de não realizar procedimentos de higienização.
Casos de contaminação em Guarulhos
A Prefeitura de Guarulhos informou que o município tem, até agora, o registro de um caso confirmado de intoxicação por metanol. Há ainda outros sete casos em investigação. As operações de fiscalização e combate ao comércio irregular de bebidas alcoólicas continuam sendo realizadas.
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