Veja a situação atual do shopping abandonado da Vila Fátima

Entenda o que aconteceu com o shopping abandonado da Vila Fátima e por que obra continua parada até hoje. Além disso, veja um vídeo exclusivo com imagens aéreas que mostram situação atual do empreendimento.

Vinícius Andrade

redacao@guarulhostododia.com.br

Bueno Drone/Guarulhos Todo Dia

Publicado em 21/04/2024 às 07:01 / Leia em 5 minutos

Elefante branco é um termo usado para exemplificar algo grandioso, com aparência imponente, mas sem serventia. Talvez, em Guarulhos, a construção que melhor se encaixa nessa descrição é a do famoso shopping abandonado da Vila Fátima. A obra começou na virada das décadas de 1980 para 1990, ou seja, há cerca de 35 anos. Chegou a ser retomada em 2009. No entanto, embargos da Justiça por questões ambientais e dívidas com a Prefeitura impediram que o empreendimento fosse inaugurado. O Guarulhos Todo Dia sobrevoou o local com drone neste mês e te mostra como está a situação atualmente.

No vídeo abaixo, você vê como o bairro se desenvolveu ao redor do esqueleto do centro comercial. Há empresas, casas e apartamentos. Em frente à entrada principal, a movimentada avenida Otávio Braga de Mesquita. Atrás, um córrego separa o shopping dos condomínios residenciais. As paredes estão todas pichadas, inclusive na parte de dentro. Assista:

Será que um dia esse shopping vai abrir?

O elefante branco da Vila Fátima se chamaria “Shopping Center Guarulhos” na década de 1990, mas problemas econômicos dos proprietários, dívidas com o poder municipal e questões de ordem jurídica em relação ao terreno impediram que a inauguração acontecesse. A obra parou.

Guarulhos, então, ficou apenas com o Poli Shopping, o primeiro centro comercial da cidade, em funcionamento desde 1989 e fundado pela família Veronezi.

Anos depois, O Grupo Sá Cavalcante assumiu o negócio do shopping abandonado na Otávio Braga.

O Grupo Sá Cavalcante tem seis empreendimentos espalhados por quatro diferentes estados brasileiros: Espírito Santo, Maranhão, Piauí e Pará. Tem projetos para operar no Rio de Janeiro e aqui em São Paulo.

Guarulhos é o lugar que a empresa definiu como porta de entrada para começar a funcionar em solo paulista. Em 2009, chegou a acreditar que o plano sairia do papel, pois recebeu o sinal verde da Prefeitura, na época comandada por Sebastião Almeida, para retomar as obras na Vila Fátima. Agora, com o nome “Shopping Plaza Guarulhos”.

De acordo com o entendimento do Poder Executivo na ocasião, o empreendimento respeitava a legislação ambiental vigente ao final da década de 1980, quando começou a ser construído. Porém, depois a lei foi alterada e, com isso, a obra ficou ultrapassada do ponto de vista ambiental. Marcos Antônio Carlos, então diretor da Secretaria do Meio Ambiente, entendeu que não dava para retroagir a lei e prejudicar os negócios que o shopping geraria.

Por isso, a Prefeitura (na gestão Almeida) exigiu contrapartidas do Grupo Sá Cavalcante para conceder o alvará para a retomada da obra do shopping abandonado, como a doação de um terreno de 12 mil metros quadrados para a construção de moradias populares, o plantio de 1.200 árvores dentro do empreendimento e a doação de 3.000 mudas de árvores para o poder público.

“Todos os impactos foram analisados e a autorização foi feita obedecendo às leis e todas as exigências necessárias”, comentou Luiz Carlos Pontes, então diretor da Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de Guarulhos, em audiência pública realizada em 2009.

Imagem aérea do shopping abandonado de Guarulhos

Justiça não concordou com a Prefeitura de Guarulhos

Apesar de a Prefeitura ter concedido os alvarás necessários, o caso foi parar na Justiça. No início de 2010, a 2ª Vara da Fazenda Pública de Guarulhos concedeu liminar para suspender os trabalhos no shopping.

A sentença dizia que obra tinha potencial de “ensejar danos ambientais severos, tendo em vista a não apresentação dos estudos de possíveis impactos que a obra tende a causar, mesmo porque há documentalmente alvará que demonstra que a Prefeitura de Guarulhos está licenciando intervenções em área de preservação permanente”.

Então líder da oposição ao governo do prefeito Sebastião Almeida e presidente da Comissão de Obras e Serviços Públicos, o vereador Geraldo Celestino montou um relatório que apontava supostas irregularidades no empreendimento da Vila Fátima. O político disse que a prefeitura não pediu o Relatório de Impacto de Trânsito (RIT), concedeu o alvará em menos de um mês, quando esse trâmite leva no mínimo 5 meses, e indicou que o shopping acumulava dívidas de IPTU na casa dos R$ 15 milhões.

O Grupo Sá Cavalcante, representantes do comércio local, alguns moradores e vereadores que faziam parte da bancada do prefeito Almeida tentaram reverter a liminar. Chegaram a fazer protestos em frente ao empreendimento e à Câmara Municipal, mas não deu resultado.

Desde a decisão judicial de 2010, a obra do Shopping da Vila Fátima nunca mais foi retomada. O Grupo Sá Cavalcante confirmou ao Guarulhos Todo Dia que ainda tem projetos para um grande centro comercial na cidade.

O tamanho do complexo do Shopping da Vila Fátima

O terreno onde fica o shopping abandonado da Vila Fátima tem cerca de 40 mil metros quadrados. Porém, o empreendimento teria cerca 130 mil metros quadrados de área construída, considerando todos os andares e uma torre comercial que seria erguida ali ao lado. O custo estimado chegava a R$ 110 milhões.

O projeto incluía 419 lojas, três restaurantes, 2.500 vagas de estacionamento, cinema com 2.000 assentos e centro empresarial de 20 andares com 288 salas comerciais. O negócio geraria mais de 4.000 empregos.

Em 2017, a gestão Guti, atendendo um projeto do então vereador Eduardo Carneiro, chegou a avaliar a possibilidade de transformar a construção abandonada em um centro administrativo municipal. No entanto, um grupo técnico deu um parecer negativo à ideia, dizendo que era inviável.

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