A Invepar, holding de infraestrutura que controla a GRU Airport, concessionária do Aeroporto Internacional de Guarulhos, está em crise financeira e tenta evitar um pedido de recuperação judicial. A empresa está em negociação com seus credores para reestruturar uma dívida que chega a R$ 1,5 bilhão. Apesar de a operação em Guarulhos não correr riscos de alteração com a situação, a concessão do aeroporto pode ser usada para ajudar no pagamento das contas atrasadas.
O problema da Invepar se aprofundou com o vencimento de uma proteção contra credores obtida na Justiça. Uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) de acionistas, convocada para deliberar sobre o pedido de recuperação judicial da companhia na quinta-feira (12), foi suspensa. A retomada dos trabalhos dessa assembleia foi designada para esta segunda-feira (16).
Entre os principais credores da Invepar está o Mubadala Capital, empresa de investimento do fundo soberano de Abu Dhabi, que detém metade de R$ 650 milhões em debêntures emitidas pela companhia. O Mubadala solicitou o vencimento antecipado dessas dívidas devido ao descumprimento de obrigações contratuais pela Invepar durante dois meses, totalizando cerca de R$ 30 milhões. Essas obrigações incluíam o repasse de dividendos da Lamsa (Linhas Amarelas do Rio de Janeiro) e parte dos recursos da venda de 4,73% de participação no VLT Carioca para a Motiva (ex-CCR), concluída em março deste ano.
Os fundos de pensão Previ, Petros e Funcef detêm o restante das debêntures, mas não votam em assuntos relacionados a elas, pois também são acionistas da Invepar. Além disso, a companhia possui dívidas relacionadas à concessão da rodovia BR-040, já extinta, com bancos como Bradesco, Itaú e Banco do Brasil.
Crise da Invepar
A Invepar está em um esforço para retomar as conversas com os credores e evitar o caminho da recuperação judicial. A estratégia inclui a aprovação de um novo “standstill”, um acordo que protege a empresa da aceleração de suas dívidas pelos credores, e a negociação de um novo plano.
Até esta segunda-feira (16), a empresa precisaria apresentar um pedido de recuperação judicial, extrajudicial ou outro plano alternativo. De acordo com reportagem do Estadão, a empresa deverá pedir mais tempo para alinhar as conversas, especialmente com o Mubadala Capital. Caso não seja possível costurar um novo acordo, a formalização de um pedido de recuperação judicial à Justiça, envolvendo suas dívidas, pode ocorrer em breve.
Como o Aeroporto de Guarulhos é afetado
Em meio à crise da controladora da GRU Airport está o maior aeroporto do Brasil, em Guarulhos. No entanto, em um cenário de recuperação judicial da Invepar, a participação da holding no aeroporto ficaria fora do processo de recuperação judicial. Isso significa que, mesmo que a Invepar entre em recuperação, as operações do Aeroporto de Guarulhos não seriam diretamente impactadas pelo processo da controladora.
A resolução da situação financeira da Invepar, porém, pode levar a mudanças significativas na gestão do aeroporto. A venda da participação da Invepar no Aeroporto de Guarulhos é considerada como um dos movimentos prováveis para a reestruturação financeira da holding. O banco BTG Pactual, por exemplo, já demonstrou interesse na compra da atual concessão, que vai até novembro de 2033. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
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