Cobrada para resolver o caos que se instarou na saúde pública municipal, a Prefeitura de Guarulhos disse que fez, nesta quarta-feira (11), um pagamento de R$ 23,9 milhões à Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo, que administra o HMU (Hospital Municipal de Urgências) e o HMPB (Hospital Municipal Pimentas-Bonsucesso). As duas unidades estão com atendimentos restritos desde sexta-feira (6). A medida da Santa Casa tinha como objetivo justamente pressionar a Secretaria da Saúde a pagar pelos atendimentos excedentes.
A informação de que a Prefeitura pagou essa quantia à OS (Organização Social) consta em uma nota enviada pela gestão Guti ao telejornal SP2, da Globo, que fez uma longa reportagem hoje para mostrar o grave problema que a população tem enfrentado nos últimos dias ao procurar atendimento nas unidades de saúde de Guarulhos. A cidade está com menos médicos porque os contratos de cerca de 300 prestadores de serviço terceirizados não foram renovados.
Em relação à situação com a Santa Casa, o próprio prefeito Guti já havia dito na segunda-feira (9) que os pagamentos referentes ao contrato estavam em dia, o problema eram os valores excedentes.
Segundo informações que a irmandade que administra os dois hospitais guarulhenses passsou à Globo, o contrato inicial previa 7 mil atendimentos no HMU, mas atualmente são realizados cerca de 16 mil. Esse aumento teria causado uma dívida de R$ 42 milhões, de acordo com números da OS, e de R$ 22,2 milhões pelas contas da prefeitura. No caso do Pimentas-Bonsucesso, o contrato previa 8 mil pacientes por mês, mas somente em novembro foram atendidas 21 mil pessoas. A dívida já chegaria a R$ 50 milhões.
Leia abaixo o trecho da nota em que a prefeitura confirma o pagamento de R$ 23,9 milhões:
“A Secretaria Municipal de Saúde volta a informar que os pagamentos contratados junto à Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo, que administra o HMU (Hospital Municipal de Urgências) e o HMPB (Hospital Municipal Pimentas-Bonsucesso) estão em dia. A partir da negociação para o pagamento de atendimentos realizados além daqueles firmados em contrato, reivindicados pela organização, o que, na visão deles, teria causado desequilíbrio no contrato, a Prefeitura efetou nesta quarta-feira (11) o repasse de R$ 23.905.098,00 à Santa Casa.”
Agora, considerando que houve uma negociação e um pagamento, espera-se que os hospitais voltem a funcionar normalmente ainda nesta semana.
UTI do HMU fechada
Além de restringir atendimentos, o HMU está com a UTI fechada por causa de um problema no ar-condicionado. O aparelho já vinha apresentado defeitos há um ano, mas parou de funcionar completamente na semana passada, o que obrigou os funcionários do hospital a fecharem a Unidade de Terapia Intensiva e transferirem os pacientes para uma sala com menos estrutura.
Também em nota à Globo, a Prefeitura de Guarulhos informou que os equipamentos para a substituição do ar-condicionado já foram entregues ao HMU. A UTI também deve voltar a funcionar normalmente ainda nesta semana. O executivo municipal ainda complementou:
“Até quinta-feira, 5 de dezembro, o atendimento estava normal. Das 11 vagas na UTI, 8 estavam ocupadas, conforme demonstram prontuários médicos do hospital. Devido a problemas no ar-condicionado, os pacientes foram transferidos para outra sala na sexta-feira, dia 6, que funciona como UTI e não uma sala aberta de atendimento.”
Menos médicos
Conforme o Guarulhos Todo Dia publicou na semana passada, o sistema público de saúde tem menos médicos do que deveria, déficit confirmado pela própria Prefeitura de Guarulhos. Além disso, em meio à transição de poder, com a saída de Guti em 31 de dezembro e o início da gestão Lucas Sanches no dia seguinte, centenas de médicos contratados como Pessoa Jurídica (PJ) não tiveram seus contratos renovados, o que aumentou ainda mais a falta de profissionais capacitados para atender a população.
A Secretaria da Saúde espera destravar um processo de licitação nos próximos dias para reforçar o atendimento.
“Não existe interrupção dos serviços em 69 UBSs, UPAs e nos dois hospitais municipais. Está em curso uma licitação para a contratação de horas médicas na modalidade PJ para preencher as vagas nas unidades básicas e de especialidade, depois que a prefeitura tentou de diferentes formas contratar profissionais por meio de concursos públicos, processos seletivos e contratação de terceirizados nos últimos 3 anos.”
Enquanto isso, o guarulhense sofre em longas filas de espera para consultas, exames e cirurgias.
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