A população de São Paulo espera há oito anos a entrega do Rodoanel Norte, trecho com 44 quilômetros de extensão, que vai ligar a rodovia Presidente Dutra, a partir de Arujá, à Bandeirantes, perto da Avenida Raimundo Pereira de Magalhães, na capital paulista. Se a construção sair do papel, os motoristas ainda terão novos acessos à Fernão Dias e ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. As obras começaram em 2013, com previsão de entrega para 2016. No entanto, permaneceram paralisadas nos últimos seis anos. Agora, a promessa do atual do governo estadual é retomar os trabalhos no dia 25 de abril.
O trajeto servirá de interligação com as rodovias estaduais e federais, desviando grande parte do trânsito das Marginais Tietê e Pinheiros. O poder público prevê a redução de circulação diária de cerca de 18 mil caminhões na cidade de São Paulo, o que permitirá mais rapidez para cruzar a Região Metropolitana no acesso a Santos. A previsão é que o trecho norte do Rodoanel Mario Covas receba 65 mil veículos por dia.
A via fará confluência com a Avenida Raimundo Pereira Magalhães (SP-332), enquanto, no Trecho Leste, a intersecção será feita com a Rodovia Presidente Dutra (BR-116). Dos 44 quilômetros de extensão total, 12 quilômetros serão de túneis. Além disso, o Rodoanel Norte criará uma ligação exclusiva de 3,6 km com o Aeroporto Internacional de Guarulhos.
O novo cronograma, passado pelo governador Tarcísio de Freitas, é o seguinte:
- 25 de abril de 2024 – retomada das obras do Rodoanel Norte, a partir da Dutra
- Setembro de 2025 – liberação do trecho entre a Dutra e a Fernão Dias
- 2026 – Conclusão completa da obra, até a Bandeirantes
Entenda melhor olhando o mapa abaixo:
Obras atrasadas
Moradores da região metropolitana de São Paulo provavelmente já se depararam com algum “esqueleto” do Rodoanel Norte. Alguns trechos viraram área para passeios de moradores, já outros ficaram em abandono total, com mato alto e desgaste.
Os trabalhos foram paralisados em 2018, quando o Ministério Público (MP) apontou indícios de superfaturamento. Novos processos de licitação foram abertos, mas a nova empresa responsável só saiu em março de 2023.
Entre as justificativas para tanto atraso, estão desafios no traçado da rodovia, demora no licenciamento ambiental por passar por áreas de preservação e problemas na execução. Um estudo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) encontrou falhas no projeto e na construção original, como erosões, infiltrações e colunas desalinhadas.
O trecho norte do Rodoanel foi concedido pelo Governo de SP à iniciativa privada. O investimento total será de R$ 3,4 bilhões para refazer o que foi danificado, corrigir falhas e terminar o que falta.
Rodoanel Norte vai sair do papel?
O Governo de São Paulo realizou o leilão de concessão do Trecho Norte do Rodoanel à iniciativa privada no dia 14 de março de 2023. O lote foi arrematado pela Via Appia FIP Infraestrutura. O grupo deve ter a concessão dos serviços de operação, manutenção e realização dos investimentos necessários para a exploração do sistema rodoviário pelo prazo de 31 anos.
Dentre as melhorias previstas estão a construção de sete túneis duplos, 107 obras de arte especiais, quatro paradas para cargas especiais, duas bases do Serviço de Atendimento aos Usuários (SAU), dois Postos Gerais de Fiscalização (PGF), duas balanças de pesagem, câmeras de monitoramento, além de veículos operacionais (ambulâncias, guinchos, caminhão pipa e inspeção de tráfego) para atender todo a extensão da rodovia. Com a conclusão dessas obras, o Rodoanel passa a contar com 175 quilômetros de extensão.
Nova via terá cobrança de pedágio
O vencedor da licitação fica responsável pela retomada e conclusão do Rodoanel Norte, que terá pedágios com sistema free flow (fluxo livre), tecnologia com sensores que calcula a tarifa por quilômetro rodado.
O sistema funciona da seguinte forma: quando o veículo passa pelo pórtico, as câmeras com tecnologia OCR (Optical Character Recognition, ou Reconhecimento Ótico de Caracteres) fazem a leitura das imagens frontal e traseira das placas. Um scanner a laser faz a identificação e o dimensionamento dos veículos em tempo real, capturando as características como altura, largura, comprimento, trajeto e velocidade de carros, motos, ônibus, entre outros parâmetros.
As informações são complementadas pelas antenas de identificação e câmeras de monitoramento e enviadas para um sistema central, responsável por receber e processar todos os dados. Os usuários que possuírem TAGs – dispositivos acoplados no para-brisa dos veículos – farão o pagamento automático. Já os usuários que não possuírem TAG pagarão a tarifa posteriormente, por meio de plataforma digital da concessionária.
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