Consórcio: para quem vale a pena?

Pagar as mensalidades do consórcio, sem ter o bem; pagar os juros altos do financiamento, mas com o bem nas mãos; ou investir o dinheiro, para comprar à vista, mais barato?

Edvaldo Nunes

redacao@guarulhostododia.com.br

Banco de Imagens/Arte GTD

Publicado em 28/07/2024 às 23:17 / Leia em 7 minutos

Você já pensou em fazer um consórcio para adquirir algum bem ou serviço de maior valor? Um carro, uma casa ou até mesmo fazer uma cirurgia plástica? Talvez você tenha pensado em consórcio também como uma forma de juntar dinheiro para o futuro? Bem vindo ao clube. Consórcio é uma alternativa financeira muito usada no Brasil. E muita gente já usou essa opção mais de uma vez. Mas também há muitos que pensam nessa alternativa, fazem contas e continuam em dúvida. Vamos tentar pensar juntos, para chegar a uma conclusão?

Para a comparação, vamos usar o bem que deu início à opção do consórcio: um carro. Os preços subiram muito, mas, para facilitar, vamos supor um carro de R$ 100 mil. Esse é o seu desejo. Então, vamos fazer as contas para um financiamento desse valor. Eu chequei a tabela de taxas de juros de financeiras no Banco Central e os juros variam atualmente de 0,92% a 3,93% ao mês. Vamos considerar uma taxa intermediária nessa tabela, de 2% ao mês.

Financiamento

Para começar, você tem que considerar que dificilmente vai conseguir financiar um carro sem dar uma entrada. Normalmente, se exige em torno de 20% do valor do veículo. Logo, você precisa ter pelo menos R$ 20 mil em mãos. É preciso financiar os R$ 80 mil que faltam. Com uma taxa de 2% ao mês, considerando um financiamento de quatro anos (48 meses), você vai pagar uma prestação de R$ 2.608,15. No total, você vai desembolsar os R$ 20 mil de entrada, mais R$ 175.351,50 em prestações. Ou seja, seu carro de R$ 100 mil vai custar quase o dobro: R$ 195.351.50. Mas lembre do seguinte: você poderá usar o carro assim que fechar o contrato, mesmo que passe quatro anos pagando.

Investimento

E se você optar por economizar dinheiro para comprar seu carro? Vamos supor que você tem aqueles mesmos R$ 20 mil que você daria de entrada, na simulação anterior, do financiamento. Escolhemos uma forma de aplicação simples e com bom rendimento: um título Prefixado do Tesouro Direto, com vencimento em 2027. Há títulos com rendimento melhor atualmente, mas vamos usar essa opção. Com a taxa atual desse título, você entrando com R$ 20 mil e investindo R$ 2.229,84 por mês, durante 31 meses, no dia 1º de março de 2027 você terá R$ 99.999,74, já descontados taxas e imposto de renda. Mas não se esqueça que só a partir daí você terá acesso ao seu carro. E o preço do carro pode ainda ter subido, exigindo que você invista por mais alguns meses, até conseguir o valor necessário.

Consórcio

E a opção do consórcio, que é nosso tema principal? Bem, para começar, ao contrário do financiamento, consórcio não tem taxa de juros. Portanto, você não vai pagar quase o dobro do preço pelo seu carro. Mas consórcio tem sim custos extras. As administradoras de consórcio cobram taxa de administração, que fica entre 15% e 23% do valor da carta de crédito. Ou seja, do valor do carro. No nosso exemplo, significa entre R$ 15 mil e R$ 23 mil. Esse valor é distribuído nas parcelas do contrato. Além disso, há cobranças para o chamado “fundo de reserva”, que cobre a falta de pagamento de alguém do grupo e outras eventualidade. E ainda você pode pagar um seguro.

Eu fiz uma simulação no site de uma das maiores administradoras de consórcio do mercado. Para um crédito de R$ 100 mil, com taxa de administração de 15%, me sugeriram um grupo com parcela mensal de R$ 1.288,90, em 88 meses. Segundo a simulação, essa parcela está com valor reduzido até o 24º mês ou até a contemplação (quando você tem acesso à carta de crédito para comprar seu veículo). Depois, disso, o valor será recalculado pelo prazo restante. Mas, só para termos uma ideia, vamos considerar esse valor de parcela. No final, você teria pago pelo menos R$ 113.423,00 (sem considerar essa correção futura no valor da parcela). Mas teria seu carro só depois de 88 meses. Ou seja, mais de sete anos.

Claro que se você tem aqueles R$ 20 mil que você usaria de entrada, você pode usar esse valor também para dar um lance no seu carro. E, quem sabe, receber o veículo antes. Mas uma outra pessoa do grupo pode ter mais dinheiro e dar um lance maior. Então, com o consórcio você claramente paga bem menos que no financiamento, mas não tem acesso imediato ao seu bem. Você pode ter que esperar muito tempo para conseguir o seu carro.

Conclusão

Considerando só as contas, parece que fica claro que a opção de investir para comprar o carro é a mais barata, mas ela exige uma grande disciplina financeira. Se você não aplicar esse dinheiro todo mês, vai demorar mais tempo para conseguir seu objetivo. E se algum imprevisto acontecer e você precisar usar esse dinheiro, terá que começar tudo de novo depois. E assim como no caso da opção pelo consórcio, você só vai ter acesso ao seu sonhado carro no final do processo.

Financiar te permite acesso ao carro assim que você fecha o contrato. Você vai gastar o dobro do preço. Mas, só para colocar outra questão para você pensar, antes de tomar sua decisão: e se o bem for um imóvel, por exemplo? Se você financiar, você vai pagar muito mais caro, mas pode se mudar para seu apartamento novo e parar de morar com a sua mãe ou, mais importante, parar de pagar aluguel. É algo a se considerar, não?

O consórcio não te dá acesso imediato ao bem. Você pode ter que esperar muito tempo para ter acesso ao seu carro, imóvel ou cirurgia plástica, por exemplo. Mas você vai pagar bem menos. Além disso, ao contrário do investimento, o consórcio é uma dívida, que te obriga a separar mensalmente o valor da mensalidade, para não correr o risco de perder tudo o que você investiu. É uma opção que não apenas pede disciplina e, na verdade, te obriga a ser disciplinado.

Para chegar à conclusão, ninguém melhor do que você mesmo para fazer suas contas, pensar nos seus hábitos de gastos, na sua capacidade de disciplina e na sua necessidade imediata ou não de ter acesso ao bem com que você tanto sonha. Use esses parâmetros que colocamos acima e faça sua escolha. E que ela seja a melhor para a sua realidade.

Para simular o financiamento, eu usei a Calculadora do Cidadão do Banco Central. É bem fácil e você pode ter acesso neste link. Para simular o investimento, eu usei o simulador do site do Tesouro Direto, que está disponível neste link. E para simular o consórcio, eu usei o simulador da administradora Ademicon. O link está aqui, mas aconselho a usar só se estiver realmente interessado. Porque eles pedem e-mail e telefone e certamente passarão um bom tempo te fazendo ofertas.

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