Na sexta-feira (17), a Secretaria de Estado da Saúde registrou um novo caso de febre amarela em humanos. É o segundo caso em São Paulo este ano. O paciente tem 21 anos e mora em Santo André, mas viajou recentemente para Joanópolis, no interior do estado. Não há informações sobre o estado de saúde do rapaz.
Em Socorro, também no interior paulista, agentes da prefeitura fazem busca ativa por focos de mosquito na cidade. A medida é uma resposta ao primeiro caso da doença em humanos, em São Paulo, que a secretaria estadual de Saúde divulgou na segunda-feira, 13. O homem, de 27 anos, mora na capital, mas visitou há pouco tempo a área rural de Socorro. Assim como o paciente que visitou Joanópolis, ele também não tomou a vacina contra a doença.
Antes da identificação do caso em humanos, o vírus foi encontrado em um macaco, na área rural de Socorro. Segundo o governo do estado, há registros de pelo menos oito casos de macacos com febre amarela em cidades que, como Socorro, ficam no chamado Circuito das Águas. Antes, casos em macacos já tinha sido identificados em outras cidades, como Pinhalzinho e Ribeirão Preto, onde o registro foi na área da Universidade de São Paulo.
Febre amarela silvestre ou urbana?
Qual é a relação de macacos infectados, visita a uma zona rural e o caso da doença em humanos? Qual é o risco da febre amarela? Como a doença é transmitida? E como é possível prevenir a contaminação? O GTD Saúde foi atrás de respostas para as principais questões que surgiram com a identificação dos primeiros casos em humanos no estado. Nós ouvimos sobre o assunto a médica Valéria Sassoli Fazan, professora do curso de Medicina do Centro Universitário Eniac, mestre em Morfologia e doutora em Neurologia.
Segundo a Dra. Valéria, a febre amarela pode ter registro silvestre ou urbano. É a mesma doença, com origem no mesmo vírus e com transmissão por mosquito. A diferença é que a versão silvestre vem de mosquitos com hábitos silvestres e a versão urbana tem transmissão por mosquitos adaptados à vida nas cidades, como o Aedes Aegypti, o mesmo transmissor de dengue, zika e chikungunya.
O macaco (ou primatas, em geral) são as principais vítimas da versão silvestre da doença. Mas eles são vítimas e não vetores da doença. Ou seja, eles não transmitem a doença para humanos. Se uma pessoa vai para uma área de mata em que o vírus está presente, como primata ela está sujeita à contaminação pelos mesmos mosquitos que infectam os macacos.
Por isso, matar macacos em áreas com o vírus, além da crueldade, não impede a proliferação da doença. Os macacos, na verdade, têm um papel essencial no combate à febre amarela, já que eles funcionam como “sentinelas”, cuja contaminação ajuda a identificar áreas em que o vírus está presente e precisa ser combatido.
A doença
A febre amarela é uma doença infecciosa, com evolução rápida e gravidade variável. Mas tem uma alta taxa de letalidade. A febre amarela grave provoca a morte de 20% a 50% dos pacientes. Por isso, é uma doença que exige atendimento médico rápido, assim que surgirem os primeiros sintomas.
Os principais sintomas são febre alta, que não baixa com remédios; e, principalmente icterícia. Ou, como muitos conhecem, o “amarelão”: um tom amarelado na pele e no olho, que dá nome à doença. Este sintoma acontece porque o vírus da doença ataca inicialmente o fígado.
Além destes sintomas característicos, a febre amarela é identificada por um exame de sangue, que ajuda também a diferenciar a doença de outro problema que ataca o fígado e provoca a cor amarela na pele: a hepatite.
Como ocorre em geral com doenças provocadas por vírus, o tratamento da febre amarela é feito sobre os sintomas. Mas a identificação rápida da doença e do nível de contaminação é essencial para que o tratamento tenha bom resultado.
A febre amarela também é uma doença de notificação compulsória. Isso permite que, assim que um caso seja identificado, a Vigilância Sanitária faça a chamada “busca ativa” de focos de contaminação na região, para reduzir o risco de outras vítimas.
Prevenção
A prevenção contra a febre amarela inclui duas medidas já conhecidas: combate aos mosquitos na cidade e vacinação. A doutora Valéria Sassoli Fazan afirma que a vacinação é o único método que protege completamente da doença. A vacina é de dose única e tem validade vitalícia. Ou seja, só é preciso tomar a vacina uma vez na vida.
A imunização só não é indicada para pessoas com alergia a ovo, crianças com menos de nove meses, mulheres que estão amamentando bebês com menos de seis meses imunossuprimidos (pessoas com doenças autoimunes ou em algum tipo de tratamento em que a imunidade seja reduzida, como a quimioterapia).
Quanto ao combate ao mosquito, a medida é importante para reduzir a contaminação por várias doenças. Por isso, é uma prática que deve ser incorporada por todos. Meia hora por semana de verificação da presença de focos de mosquito nas casas é tempo mais do que suficiente para reduzir a contaminação por febre amarela, dengue, zika e chinkungunya, entre outras doenças.
E outro cuidado simples também pode ajudar muito, especialmente durante o verão, quando os mosquitos estão mais presentes: o uso de repelentes pode afastar os mosquitos que conseguirem escapar das inspeções nas casas e construções. Uma garantia a mais contra uma doença perigosa.
GTD Saúde
O GTD Saúde é a coluna semanal sobre saúde aqui, no Guarulhos Todo Dia. O objetivo é trazer informações seguras e confiáveis sobre questões de saúde do nosso dia-a-dia. Com orientações práticas para o nosso público se prevenir ou se tratarde.
Para isso, recorremos sempre a informações oficiais, com a ajuda de especialistas de renome de Guarulhos. Esta coluna foi escrita com informações do Ministério da Saúde e a orientação da médica Valéria Sassoli Fazan, professora do curso de Medicina do Centro Universitário Eniac, mestre em Morfologia e doutora em Neurologia.
Se você tem uma dúvida sobre saúde ou uma sugestão de tema para a nossa coluna, encaminhe para o nosso número de WhatsApp: 11-5196 2910.
Leia mais: O que fazer para se prevenir contra a febre amarela? Este ano já foram registrados dois casos da doença, em humanos, em SPSaiba os cuidados para fazer atividades físicas ao ar livre, em dias de muito calor