A Sociedade Brasileira de Pediatria passou a recomendar, desde o final do ano passado, a suplementação de vitamina D para toda criança e todo adolescente, entre 0 e 18 anos. Antes, a recomendação era fazer essa suplementação apenas até um ano de idade. Mas a decisão final sobre a necessidade de suplementação cabe ao pediatra. Vamos explicar os motivos desse cuidado. Mas, antes, vamos entender porque a vitamina D é importante e o que fez a SBP mudar sua recomendação.
A importância da vitamina D
A vitamina D é importante para a saúde dos ossos. Ela regula os níveis de cálcio e fósforo no sangue. Além disso, tem funções importantes também para os sistemas imunológico (proteção contra doenças) e muscular. A vitamina D também ajuda na saúde do pâncreas, reduzindo o risco de diabetes, e auxilia no combate a doenças autoimunes. Por toda essa importância, a deficiência dessa vitamina na infância e na juventude pode levar a problemas como o raquitismo e infecções respiratórias, além de favorecer o surgimento de doenças graves em idade mais avançada.
A vitamina D é composta por cinco formas (D1, D2, D3, D4 e D5). A mais importante para o nosso corpo é a D3. Cerca de 80% a 90% da vitamina D3 no nosso organismo é produzida pela exposição à luz solar, quando absorvemos os raios UVB. O restante da produção dessa vitamina em nosso organismo vem do consumo de alimentos ricos na substância. Os principais são peixes de água fria, como sardinha, atum, arenque, salmão e óleo de fígado de bacalhau, além de cogumelos, gema de ovo e fígado de boi.
Deficiência de vitamina C entre crianças e jovens
A mudança de hábitos entre crianças, adolescentes e jovens, que cada vez menos praticam atividades ao ar livre, estão entre os motivos que têm levado a uma deficiência maior de vitamina D nessa faixa etária. Além disso, o consumo de alimentos ricos na vitamina, como os que listamos acima, é baixo entre crianças e adolescentes. Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) avaliou resultados de 414 mil dosagens (exames) de vitamina D, entre janeiro de 2014 e outubro de 2018. Foi identificada a deficiência de vitamina D em 12,5% das amostras.
O estudo identificou também uma grande variação conforme a região do país em que vivia a pessoa testada, além da época do ano. Entre crianças e adolescentes da região Sul, no inverno (com menos exposição à luz solar), por exemplo, foi identificada deficiência em 35% das amostras. Em 5% delas, a deficiência estava em nível grave.
O alto índice de deficiência de vitamina D entre crianças e adolescentes levou a Sociedade Brasileira de Pediatria a mudar a sua recomendação sobre suplementação, depois de oito anos. Agora, a recomendação geral é de suplementação para todos na faixa de 0 a 18 anos de idade. Mas uma série de diferenças na exposição e absorção da vitamina fez com que a SBP tenha incluído a orientação para que a decisão final sobre a suplementação seja do pediatra.
Crianças que ainda têm por hábito brincar na rua, expostas à luz solar, têm menos risco de deficiência de vitamina D. Quanto mais escura a pele, menor a absorção de luz solar e maior o risco de deficiência dessa vitamina. Se a criança ou adolescente vive em uma região com menor incidência de luz solar, maior o risco. E outros fatores influenciam nisso, como o estágio da puberdade ou a composição da gordura corporal de cada indivíduo.
Em razão disso, só o pediatra que atende a criança ou adolescente é capaz de levar em conta todos esses fatores. Se houver uma suspeita ou for identificado algum sintoma de deficiência de vitamina D, o médico pode pedir um exame para confirmar a situação. Ou pode, já, seguindo a orientação da SBP, indicar a suplementação.
Riscos da suplementação sem orientação
A orientação individual, pelo pediatra, é importante também para evitar os riscos de suplementação desnecessária de vitamina D. Ao contrário de outras vitaminas, que se dissolvem na água e o excesso no organismo é liberado na urina, a vitamina D se dissolve na gordura. Se consumida em excesso, ela pode se acumular no organismo e provocar danos à saúde. O excesso de vitamina D pode levar à chamada hipercalcemia (excesso de cálcio no sangue). Essa condição pode provocar náuseas, vômitos e até problemas renais.
O nível de suplementação recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria não leva ao risco de hipervitaminose D (excesso da vitamina). A recomendação geral é de ingestão diária de 400 UI ((unidades internacionais) para crianças de até um ano e de 600 UI para a faixa etária de 1 a 18 anos. Reforçando: mesmo essa dose só deve ser adotada sob a orientação de um pediatra. Uma orientação que deve ser seguida à risca. Há muitas pessoas que, por conta própria ou por orientação de leigos, consomem doses superiores às indicadas pelos médicos.
GTD Saúde
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