O Grupo Dia será vendido para um fundo da gestora de investimentos brasileira MAM Asset Management, que faz parte do Banco Master. O negócio foi confirmado nesta sexta-feira (21) pela própria rede de supermercados, que vai deixar de operar no Brasil. Em março, a empresa entrou com um pedido de Recuperação Judicial e anunciou que fecharia 343 das 587 lojas e 3 centros de distribuição. A operação continuaria apenas na capital paulista e em algumas poucas unidades de São Paulo. Aqui em Guarulhos, quase todas as lojas do Dia já foram fechadas; a única ainda aberta fica na Rua Cônego Valadão, no bairro do Gopoúva.
O valor da venda do Dia para a MAM Asset Management foi simbólico, de apenas 100 euros, segundo informações da CNN Brasil. Além disso, como parte do acordo, a rede de supermercados fará um aporte de 39 milhões de euros (R$ 222 milhões) para o Dia Brasil, que será administrado pela empresa de investimentos.
“Com o desinvestimento total no território brasileiro e a venda de 100% do capital, o Grupo Dia terá sua responsabilidade limitada [no processo de recuperação judicial], com uma saída limpa em relação à MAM Management”.
Nota do Grupo Dia sobre o acordo de venda
Para o acordo ser efetivado, o Grupo Dia precisa receber o “ok” das entidades financeiras do sindicato de bancos. Após a autorização, novos passos do negócio serão informados.
O Banco Master informou que não participou do investimento para compra do Grupo Dia no Brasil. O que aconteceu é que a MAM Asset, gestora de investimentos do banco, viabilizou a criação de um fundo, para um de seus clientes, na realização do negócio. O grupo não revelou o nome do cliente por trás da operação.
No prejuízo
A varejista reportou dívidas que ultrapassam R$ 1 bilhão somente no Brasil, somando pendências com instituições financeiras e fornecedores de pequeno porte. As vendas das lojas Dia caíram 12,3% em 2023. No fim do ano, o resultado antes do pagamento de juros e tributos (o chamado Ebtida) era de prejuízo equivalente a R$ 835 milhões.
O Dia entrou com um pedido de recuperação judicial e, no documento entregue à Justiça, explicou as razões da crise financeira. Segundo a empresa, o aumento preço das commodities, especialmente os alimentos, na pandemia de Covid-19 dificultou a operação. Além disso, a popularização do atacarejo, com o crescimento de marcas como Assaí e Atacadão, reduziu o número de clientes do Dia.
“Desde sua chegada ao Brasil em 2001, Grupo Dia fez fortes investimentos no país, que não trouxeram o retorno esperado. A situação culminou na decisão de focar na Espanha e Argentina, onde atualmente Grupo Dia alcançou uma posição relevante com uma estratégia centrada na distribuição alimentar de proximidade”, informou a empresa, em nota.