Previsto para começar a operar em 2026, com certificação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês), o eVTOL –ou “carro voador da Embraer”– foi apresentado em um evento para investidores do Bradesco nesta semana. De acordo com os fabricantes, a aeronave do futuro conseguirá fazer o trajeto entre a avenida Faria Lima, em São Paulo, e o Aeroporto de Guarulhos, em 13 minutos. De veículo terrestre, o percurso de 35 quilômetros pode demorar até duas horas, dependendo do trânsito.
eVTOL significa “aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical”. Apesar de ser chamado de “carro voador”, a aeronave se assemelha a um helicóptero, inclusive no processo de decolagem. A maior diferença em relação é o combustível e a autonomia, pois a aeronave da Embraer será 100% elétrica e terá um alcance de 100 quilômetros (os helicópteros tem 600 km), feita justamente para trafegar em ambientes urbanos. Os fabricantes dizem também que um diferencial é o ruído reduzido durante o voo.
O carro voador é feito pela Eve (Eve Air Mobility), uma subsidiária da Embraer que foi fundada em 2020. A fabricação e os testes são realizados na planta industrial da Embraer em Gavião Peixoto, cidade no interior de São Paulo que fica na região de Araraquara.
A empresa já recebeu cartas de intenção para a compra de 2.800 unidades de eVTOL. São 28 clientes de nove países diferentes. A expectativa é o que, após a aprovação e o lançamento oficial, o modelo gere uma receita líquida de US$ 14 bilhões. Cada aeronave pode custar entre US$ 2 milhões e US$ 4 milhões. O objetivo é que os custos de manutenção sejam menores do que um helicóptero, o que pode aumentar o interesse do mercado.
Segundo informações da Istoé Dinheiro, a Embraer estima que somente a cidade do Rio de Janeiro tem mercado em potencial para 245 eVTOLs, com 37 vertiportos, mais de 100 rotas, 4,5 milhões de passageiros anuais e US$ 220 milhões gerados em receita.
A ideia inicial é que o veículo voador seja usado de forma compartilhada, não individual, como se fosse um táxi aéreo. O eVTOL da Eve transporta quatro passageiros mais o piloto e, quando o voo não tripulado for certificado, levará até seis passageiros. Além disso, cada passageiro poderá transportar uma mala de mão padrão, do mesmo tamanho e tipo aceitos pelas companhias aéreas. A aeronave também está preparada para acomodar cadeiras de rodas dobráveis.

O projeto de eVTOL da Embraer conta com dez hélices, sendo oito na horizontal e duas na vertical e se parece com um drone grande. No início, o veículo deverá ter no comando um piloto, mas a intenção do projeto é que, no futuro, o voo seja totalmente autônomo.
Tráfego do carro voador da Embraer com helicópteros e aviões
A aeronave ainda não fez um voo de teste. Neste ano, a Eve e a Revo, uma plataforma de Mobilidade Aérea Avançada (AAM) no Brasil que faz táxi aéreo com helicópteros, realizaram uma simulação de tráfego aéreo urbano em São Paulo como parte de uma parceria estratégica para desenvolver o ecossistema AAM na cidade.
A simulação, que utilizou helicópteros da Revo e Vector, a solução de software de Gerenciamento de Tráfego Aéreo Urbano (Urban ATM) da Eve, ocorreu no centro de controle de operações da Revo em São Paulo. Ao acompanhar as operações de helicópteros da Revo, a Vector simulou o gerenciamento e o rastreamento de operações de eVTOL em um ambiente urbano, aplicando os serviços necessários para responder a vários cenários, incluindo atraso na partida e no destino, restrições de espaço aéreo/clima, desvio em voo para locais de pouso alternativos, entre outros, que foram todos testados na semana que começou na segunda-feira, 21 de outubro.
A simulação se concentrou na validação de novos serviços de gerenciamento de tráfego necessários para que os eVTOLs conduzam operações seguras e confiáveis na entrada em serviços e em casos de uso de alta utilização em escala.
Eve e Revo também têm feito parcerias para incentivar a colaboração crítica das partes interessadas da Mobilidade Aérea Avançada para desenvolver as melhores práticas de operações eVTOL, protocolos de gerenciamento aéreo e manuseio em solo. São Paulo é reconhecida por ter o maior número de operações de helicópteros do mundo.
Abaixo, um vídeo em inglês explica como funciona o Vector, a solução de Gerenciamento de Tráfego Aéreo Urbano (Urban ATM) da Eve.
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