No final de 2007, os cartões de crédito e débito eram o principal meio de pagamento em todo o Brasil. E com as máquinas sem fio, que permitiam o uso do cartão em qualquer lugar, a adesão aos cartões explodiu. Mesmo em locais que vendiam itens de valor mais baixo. Os feirantes de Guarulhos estiveram entre os primeiros a perceber e aderir à essa tendência, como mostra a reportagem da revista Veja que ilustra essa matéria.
Hélio Teruya, dona da banca Teruya Pastéis, aparece na foto feliz da vida, com pastéis e cartões de crédito misturados na peneira de recolher pastéis. E tinha motivo para a felicidade. Segundo ele diz na matéria, “o pastel custa R$ 1,70, mas o comprador não quer passar uma quantia tão baixa no cartão. Aí ele decide comer mais”. A reportagem da revista traz ainda outros exemplos de como o uso do cartão aumenta o consumo.
Enquanto nós ficamos com saudade do tempo em que um pastel custava R$ 1,70, Hélio Teruya, hoje presidente do Sindicato dos Feirantes de Guarulhos, SindiFeira, lembra que esse não é o único exemplo de pioneirismo das feiras da cidade. Segundo ele, foi nas feiras daqui que foi desenvolvido um modelo de balcão refrigerado, para peixes e carne.
“O peixe era pra ser extinto da feira. Peixe e carne. Antes era exposto e ficava um monte de mosca em cima. Nós tivemos que conversar com a Universidade de Guarulhos e fizemos um projeto e chegamos a essa cúpula. Depois, nós fomos bem copiados por São Paulo. Veio um monte de gente conhecer isso aqui”, diz Hélio Teruya, presidente do SindiFeira.
Ele lembra ainda que os feirantes da cidade sempre foram abertos a inovações.
Hoje há feiras montadas em vários condomínios da cidade, graças à disposição dos feirantes guarulhenses em atender às mudanças no modo de vida e os apelos da clientela. E até mesmo para eventos bem diferentes, o pioneirismo dos feirantes de Guarulhos se destaca. Já foi montada uma feira-livre dentro do “Guarulhão”, o clube que fica no Centro da cidade e já foi palco importante do movimento de black music. A feira era cenário para um desfile de modas beneficente.
Segundo o presidente do SindiFeira, os brasileiros já não dão tanta atenção, mas quem vem de fora do país se surpreende com as feiras livres daqui. No ano da Copa do Mundo no Brasil, por exemplo, Hélio Teruya recebeu vários parentes do Japão, que ficaram maravilhados com a variedade de itens nas barracas e o frescor dos produtos.
Ele admite que o modelo brasileiro de feiras livres enfrenta desafios. Um deles é a renovação profissional. As novas gerações de famílias de feirantes demonstram pouco interesse em continuar na atividade.
Apesar disso, Teruya mantém o otimismo. Ele acredita que, em um país tão grande, sempre haverá interessados em assumir as barracas. E mesmo com a concorrência dos grandes mercados, sempre haverá brasileiros que vão preferir as feiras.
“A feira oferece variedade e produtos frescos pertinho das casas dos consumidores. E é também um passeio e um ponto de encontro de amigos”, afirma Hélio Teruya, presidente do Sindicato dos Feirantes de Guarulhos. E, como vimos, é também um local de inovação.
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