Comer fora de casa: um desafio para o orçamento doméstico

As empresas reduzem dos impostos o que investem em vale refeição e vale alimentação. Conheça melhor esses programas e faça sua estratégia para economizar, sem riscos.

Edvaldo Nunes

redacao@guarulhostododia.com.br

Banco de imagens/Canva

Publicado em 03/06/2024 às 08:05 / Leia em 4 minutos

O vale refeição dos brasileiros durou 11 dias, em média, nos primeiros três meses deste ano. O mesmo resultado do ano passado, segundo pesquisa da empresa de benefícios Pluxee (antiga Sodexo). Ou seja, o benefício que deveria garantir uma refeição fora de casa por dia, pelo menos nos 22 dias úteis do mês, acaba na metade desse prazo.

Ainda de acordo com a pesquisa, o gasto médio dos brasileiros foi de R$ 51,19 no primeiro trimestre deste ano. Me parece um valor muito alto. Com cerca de R$ 30,00 ou R$ 35,00 é possível comer um bom PF, o prato feito. Com algo em torno de R$ 45,00, quem não come muito consegue fazer um prato razoável em um restaurante a quilo.

Pela minha experiência, acredito que a maior parte dos trabalhadores gaste valores parecidos a estes, o que não permitiria uma média acima de R$ 50,00.

Não sei se a pesquisa tem mais detalhes da composição desse gasto, mas talvez uma explicação para essa média tão alta esteja no uso irregular do benefício. Um assunto sobre o qual pouco se fala, mas que é facilmente constatado nas ruas. E que muitas vezes pode ter consequências bem ruins para o trabalhador.

A realidade das ruas

Apesar de proibido, muita gente usa o vale refeição em compras pequenas, em mercados de bairros ou outros estabelecimentos. Ou vende o crédito do vale refeição, para ficar com dinheiro nas mãos. Uma prática que reduz o valor do benefício (o desconto, que é o lucro de quem compra) e que, se for descoberta pela empresa, pode provocar demissão por justa causa.

Eu usei a pesquisa justamente para chegar aí. É claro que os trabalhadores devem reivindicar que o vale refeição garanta pelo menos uma boa refeição no intervalo de trabalho. Mas, como a pesquisa demonstra, esse valor atualmente é insuficiente. Primeiro porque é caro comer fora de casa. E, em segundo lugar, porque a renda dos trabalhadores é baixa e o valor do vale refeição muitas vezes se transforma em um reforço dessa renda.

O vale alimentação é outro benefício que permite o uso do crédito em compras em supermercados. O objetivo é permitir que o trabalhador compre alimentos para ele e a família. Cada vez mais, grandes empresas oferecem os dois benefícios. Muitas permitem que o trabalhador abra mão do vale refeição para aumentar o valor do vale alimentação e possa, assim, gastar mais no mercado. Os dois integram o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) e permitem que as empresas reduzam o valor concedido aos trabalhadores dos impostos que elas têm que pagar.

Além disso, as empresas de benefícios têm oferecido cartões mais “flexíveis”, em que o crédito depositado pode ser usado com mais liberdade pelos trabalhadores beneficiados. O valor disponibilizado em um só cartão pode ser usado como vale refeição, vale alimentação, vale transporte e até benefícios extras, como compra de remédios, uso em academias ou até mesmo em viagens.

Conheça, para usar melhor

Por isso, uma boa forma de economizar e não correr riscos é conhecer melhor os planos de benefícios da sua empresa. Vá ao departamento de Recursos Humanos e saiba com detalhes os programas de benefícios disponíveis. Informe para eles o que atende melhor suas necessidades. Se a empresa não tiver um programa adequado, adapte o que ela oferece à sua realidade.

Se o valor do vale refeição é pouco, avalie trocar por vale alimentação e preparar marmitas em casa, para levar para o trabalho. No caso da empresa não oferecer o vale refeição e o valor não ser suficiente para todo o mês, leve marmitas em alguns dias da semana. Já se isso não for possível, use a alternativa da entrega, para buscar restaurantes mais baratos. Mas evite, de todo jeito, a venda do seu crédito de vale refeição. A prática é considerada um crime e, como já informado, se a empresa descobrir pode gerar uma demissão por justa causa.

Se você é trabalhador ou se é empresário e quer saber tudo sobre o Programa de Alimentação do Trabalhador, em um canal oficial, acesse essa página do Ministério do Trabalho e Emprego e tire suas dúvidas.

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