Nove em cada cem pessoas que têm leptospirose, morrem. Quinze, em cada cem delas, têm sintomas graves da doença. Portanto, essa é uma doença perigosa, que exige diagnóstico e tratamento rápido. E estamos na época com maior risco para a doença. A contaminação acontece pelo contato com a urina de ratos contaminados por uma bactéria chamada leptospira.
Segundo o Ministério da Saúde, a leptospirose é uma doença presente em praticamente todos os estados do Brasil, com casos frequentes. Ou seja, é uma doença “endêmica”. Mas ela com frequência se torna uma epidemia, depois de períodos de chuvas fortes, especialmente nas capitais e nas regiões metropolitanas.
Pessoas que precisam entrar em áreas alagadas estão sujeitas ao contato urina de ratos na água. Por isso, o número de casos cresce depois de chuvas fortes, que provocam enchentes. E ainda há profissionais que estão sujeitos à contaminação, como garis, catadores de lixo, veterinários, pescadores e bombeiros, entre outros.
Prevenção, sintomas e tratamento
A principal forma de se prevenir é evitar o contato com água ou objetos que possam ter sido contaminados pela urina de ratos. Para isso, deve se reduzir ao máximo as condições para a presença de ratos nas residências, além de se fazer limpeza frequente, em locais onde o animal costuma aparecer. Os profissionais que lidam com limpeza ou tratamento de animais devem usar equipamento de proteção.
No caso de enchentes, o aconselhável é evitar áreas alagadas. Se possível, só entrar em uma área de enchente com equipamentos que evitem o contato direto com a água. Mas é muito difícil fazer isso se você está no meio de uma enchente. Logo, o principal conselho é ficar atento a sintomas depois de enfrentar um alagamento.
Os sintomas na fase inicial são febre, falta de apetite, dor muscular, dor de cabeça, náuseas e vômitos. São sintomas muito comuns para várias doenças. Por isso, é importante informar ao médico sobre o provável contato com água com urina de ratos, para que ele possa avaliar e até indicar exames extras para confirmar o diagnóstico.
Limpeza de áreas alagadas
O Ministério da Saúde avisa que a lama das enchentes tem alto poder de contaminação. Além disso, a leptospira pode sobreviver em um ambiente por até seis meses após um alagamento. Então, há recomendações específicas para se fazer a limpeza das áreas sujas.
A recomendação é de se usar luvas e botas de borracha. Deve-se lavar e depois desinfetar o local sujo com uma solução de hipoclorito de sódio (água sanitária) com água, na proporção de duas xícaras de chá de hipoclorito de sódio para cada 20 litros de água. A mistura deve ser aplicada nos locais sujos de lama e deve ficar por pelo menos 15 minutos.
Para controle dos ratos, o importante é tomar cuidado com os locais onde se coloca o lixo. Também é importante cuidar do armazenamento dos alimentos. Caixas d’água devem ser limpas com frequência e com tampa. Frestas em portas e paredes também não devem ter frestas.
O tratamento é com o uso de antibióticos, desde o início. Em casos leves, o tratamento pode ser com atendimento em ambulatório. Na fase mais grave é necessária a internação imediata, para evitar complicações e até mortes.
A doença em animais
A leptospirose também pode atingir cães, bois e porcos. Para eles, existe vacina contra a doença. Não há vacinas contra a leptospirose em humanos. A prevenção, os sintomas e o tratamento nos animais são parecidos com os previstos para humanos. Nos animais, a doença avança de modo rápido, também exigindo diagnóstico e início de tratamento o mais cedo possível. Um cuidado especial a adotar com cães está no pote de ração. Ele atrai a atenção de ratos e depois que o cachorro comer deve ficar em um local seguro.
Leptospirose no Brasil
A apuração do número de casos da doença no Brasil ainda pode mudar. Mas segundo consulta aos dados do Ministério da Saúde, feita no dia 2 de fevereiro, houve 3.792 casos de leptospirose no Brasil no ano passado. O Rio Grande do Sul, que sofreu com enchentes históricas em 2024, foi o estado com mais registros da doença: 1313. Em segundo lugar, ficou São Paulo, com 397 casos e em terceiro, o Paraná, com 376 pessoas com a doença.
Foram 346 mortes por leptospirose no Brasil, em 2024. Destas, 64 mortes foram em São Paulo, 53 no Rio Grande do Sul e 49 no Rio de Janeiro.
GTD Saúde
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