Lixo espalhado pela grama, fonte luminosa aterrada, coreto ocupado por moradores em situação de rua, calçadas esburacadas e até roupa íntima jogada no chão de um dos mais importantes e conhecidos espaços públicos de Guarulhos. Essa é a situação que o Guarulhos Todo Dia encontrou ao visitar a Praça Getúlio Vargas, localizada no centro da cidade, no último sábado (22). Foi difícil permanecer muito tempo no interior da praça por causa do mau cheiro, como se ali fosse um banheiro a céu aberto. É um lugar muito movimentado, porém abandonado.
A presença de forças de seguranças públicas pode, em muitos casos, melhorar a situação de determinados lugares. Um espaço, rua ou praça que esteja próximo de uma base da GCM/Polícia Municipal ou de um batalhão da PM passa uma sensação de segurança maior para o entorno, o que tende a aumentar a circulação de pessoas e trazer vida para a localidade. No entanto, a presença policial por si só não é capaz de revitalizar lugar nenhum. E isso fica bastante evidente na Getúlio Vargas.
A praça não abriga uma simples base da GCM. Em meio ao espaço verde, tem a Central de Segurança Integrada de Guarulhos, a CSI –antigo Centro de Operações e Inteligência (COI). É o prédio onde antigamente já funcionou a Câmara Municipal e até a prefeitura. Atualmente, servidores públicos e guardas/policiais municipais dão expediente no empreendimento, que ainda recebe visitas frequentes do prefeito e de secretários, afinal está ali a central de monitoramento com câmeras de trânsito e segurança da cidade.
O interior desse prédio histórico, inaugurado em 1958, pode até ser bem cuidado e usado para cuidar de Guarulhos, mas a parte de fora está em situação precária.

No ano passado, a Prefeitura de Guarulhos aterrou a fonte luminosa e acabou com o antigo chafariz, usando como justificativa o controle à epidemia de dengue. Na ocasião, a Aapah (Associação dos Amigos do Patrimônio Histórico) contestou a intervenção, que não passou pela aprovação do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico.
Tombada por Decreto Municipal desde 2000, a Praça Getúlio Vargas passou a existir na década de 1950. Em 22 de abril de 1958, o Paço, a Praça e a Fonte Luminosa foram inaugurados. A prefeitura ocupou o prédio onde hoje funciona a CSI até 1976, quando foi transferida para o Bom Clima. Entre 1976 e 2006, o endereço serviu como sede da Câmara Municipal.
Apesar de suja, fedida e com manutenção precária, a Praça Getúlio Vargas ainda tem a sua beleza com as grandes árvores e ambientes caminháveis.

Nos últimos anos, porém, o espaço público entrou em um processo de degradação juntamente com o centro de Guarulhos. O número de prédios comerciais para alugar na região é alto. Basta uma caminhada para identificar a situação. No entanto, ainda é o centro. Cercado por escolas, comércios, com diversas linhas de ônibus e com intenso movimento de pedestres.
A Praça Getúlio Vargas enfrenta um problema profundo. A prefeitura precisa encontrar uma solução para as pessoas em situação de rua que ocupam não apenas esse espaço, mas diversos outros na cidade. E, além disso, incentivar o uso da Praça Getúlio Vargas pelos moradores. Ter programação cultural, aproveitar o coreto, fazer decorações em ocasiões especiais como o Natal, ter eventos gastrônomicos, atrair turistas que se hospedam nos hotéis perto do aeroporto, enfim. Valorizar esse espaço tão importante.
No último dia 13, a Prefeitura de Guarulhos foi contemplada com R$ 836.957,19 do FID, Fundo Estadual de Defesa dos Interesses Difusos, justamente para revitalizar a Getúlio Vargas. Que esse dinheiro seja usado com esse objetivo o quanto antes. E que a gestão Lucas Sanches consulte o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e também pessoas do Turismo para encontrar boas soluções e projetos para a praça mais importante da cidade.
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