O Hospital Municipal Pimentas-Bonsucesso (HMPB), administrado pela Santa Casa de São Bernardo, está superlotado. São mil atendimentos por dia, em média. A própria instituição admite que tem recebido mais pacientes do que suporta. A justificativa é que a situação está complicada por causa da epidemia de dengue, mas funcionários e frequentadores afirmam que o quadro não é o ideal há pelo menos um ano. Nesta terça-feira (9), os telejornais da Globo São Paulo exibiram reportagens sobre o tema.
Há relatos de que falta o básico, como luvas e remédios para dor. As equipes, muitas vezes, precisam pedir para as famílias comprarem os medicamentos necessários. E essas solicitações são feitas de forma discreta para evitar punições da direção. A gerência afirma que os problemas são pontuais.
Além disso, HMPB tem usado até macas do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), ou seja, uma ambulância que deveria ficar no local até 40 minutos, acaba impedida de fazer outros atendimentos por até três horas.
“A superlotação do hospital tem prendido e ocupado algumas macas do SAMU e, com isso, tem ficado superlotado porque não temos outro local para colocá-los”, assume Martino José Piatto, gerente médico do Hospital Pimentas-Bonsucesso, em entrevista à repórter Cinthia Toledo, da Globo, exibida no SP1.
Os pacientes entendem que a equipe médica tem feito o possível, mas o grande número de atendimentos faz com que eles não deem conta do trabalho.
Mortes na sala de emergência
No último dia 31, um homem recebeu massagem cardíaca no chão do hospital, enquanto outros pacientes observaram a cena. O paciente não resistiu e morreu no local. De acordo com um funcionário que falou à Globo sob a condição de anonimato, uma mulher grávida que assistiu a toda cena chocante do atendimento passou mal. Ela e o bebê também morreram.
“Tem que ter biombo, tem que ter separação. Porque, você imagina, dentro de uma sala dessa, vendo todo mundo parando, os profissionais tentando correr, faltando tudo, você fica desesperado, você acha que é o próximo a morrer. Essa gestante estava na sala de emergência, dando o primeiro atendimento, ela começou a passar mal, começou a gritar. Ela descompensou, parou e também morreu.”
Funcionário do Hospital Municipal Pimentas-Bonsucesso (HMPB), em entrevista à Globo
A direção do hospital, administrado pela Santa Casa de São Bernardo do Campo, nega que os casos tenham relação. “Esse primeiro paciente foi trazido por familiares, entrou na sala de emergência de cadeira de rodas e evoluiu com uma parada cardiorrespiratória. A sala estava lotada, com 13 macas ocupadas naquele momento. Foram feitos dois ciclos de manobras, mas ele foi a óbito. O segundo caso, que é o da gestante, ela foi trazida por familiares. Ela adentrou em óbito”, explicou o gerente médico Martino José Piatto.
É possível assistir à reportagem completa da Globo neste link.
Outro lado
Segundo a Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo do Campo, que administra o Hospital Pimentas-Bonsucesso, há superlotação, mas não tem falta de insumos. “Devido ao surto de dengue, o hospital tem atendido mil pessoas por dia e está superlotado. Apesar de trabalharmos no limite, não há falta de materiais ou medicamentos”, justificou em nota à Globo.
Já a Prefeitura de Guarulhos afirmou que vai apurar as responsabilidades e aplicar as sanções cabíveis à administradora do HMPB.
“A Prefeitura de Guarulhos não admite a explicação de aumento no atendimento por causa da dengue e da Covid-19. Vamos apurar as responsabilidades e aplicar as sanções cabíveis, que vão desde responsabilização civil e penal com encaminhamento ao Ministério Público, podendo chegar à intervenção ou rompimento do contrato com a organização social”.
Nota da Prefeitura de Guarulhos sobre o caso
Vale lembrar: em 2021, a Prefeitura de Guarulhos já trocou a direção do Hospital Municipal Pimentas-Bonsucesso (HMPB), justamente por problemas como falta de insumos e medicamentos, além de atraso nos salários dos funcionários. O contrato com a Organização Social (OS) IDGT, que geria o hospital, foi suspenso e a prefeitura assumiu o controle antes de fechar com a atual administradora, a Santa Casa de São Bernardo.
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