A Polícia Civil de São Paulo descobriu uma quadrilha que vendia e alugava imóveis sem a autorização dos donos em Guarulhos. Para enganar as pessoas, eles usavam uma imobiliária de fachada. Os suspeitos se passavam por corretores de imóveis e advogados, falsificavam documentos e enganavam tanto quem queria vender o imóvel quanto quem tinha intenção de comprar. Até o momento, 62 vítimas já foram identificadas, entre proprietários verdadeiros e compradores enganados.
De acordo com a investigação, que teve início em janeiro deste ano, os golpes teriam começado ainda em 2019. A empresa não tinha endereço comercial e funcionava em um condomínio popular, no bairro dos Pimentas, onde os donos da falsa imobiliária começaram a atuar. Os investigados se infiltravam nos condomínios para saber de informações sobre apartamentos fechados e disponíveis para locação. Faziam o levantamento da situação, abordavam os proprietários e começavam o golpe.
O golpe da falsa imobiliária em Guarulhos
A última edição do programa Domingo Espetacular, da Record, entrevistou três vítimas. Uma delas, a assistente administrativa Jennifer de Andrade Baltazar sofreu um prejuízo de mais de R$ 300 mil durante um processo de venda.
Ela explicou que fez um anúncio do aluguel do apartamento em que ela era proprietária de forma particular, sem auxílio de imobiliárias. Jennifer, então, foi chamada por uma mulher identificada como Isabella Moura, corretora da empresa Faes, e convencida a alugar o imóvel via imobiliária.
A vítima chegou a acreditar que tinha alugado a residência e até recebeu alguns aluguéis, mas começou a ter problemas com os últimos supostos inquilinos e não recebia mais o valor mensal. Começou a ficar preocupada com as dívidas, afinal o apartamento estava financiado e ela tinha colocado para alugar com o objetivo de morar mais perto de onde trabalha.
“Eu tinha que desembolsar o valor do financiamento do apartamento, do condomínio e o aluguel de onde eu morava”, relatou a vítima. Segundo ela, a falsa corretora a conveceu a vender esse apartamento que ela tinha.
“Eu já estava em pânico, desesperada e sem saber o que fazer. Aí a Isabella Moura veio com uma solução. Disse que tinha uma cliente que morava ali na região e estava interessada em comprar o meu imóvel. A Isabella foi pessoalmente ao meu escritório fazer a proposta”, explica Jennifer, que aceitou realizar a venda.
A falsa imobiliária pagou R$ 14 mil como um “sinal” da venda e pediu a assinatura de alguns documentos. “Desses R$ 14 mil, descontaram R$ 9 mil de corretagem. No dia da assinatura do contrato, ela [Isabella] não apareceu. O documento que eu havia assinado era a transferência de posse do imóvel. Pagaram algumas prestações na data e depois sumiram”, disse a vítima.
Em outro caso, um motorista de aplicativo chegou a pagar R$ 20 mil que havia juntado com muito esforço como sinal para compra de um apartamento com a falsa imobiliária. No entanto, descobriu que havia caído num golpe e perdido todo o valor.
Investigações
De acordo com a Polícia Civil, Jennifer, na verdade, era outra pessoa. Em março deste ano, a Justiça concedeu mandados de busca e apreensão em endereços ligados à empresa Faes Consultoria em Negocios & Contratos, que aplicava os golpes. Três envolvidos no esquema prestaram depoimento e foram liberados, mas agora respondem por estelionato e associação criminosa.
“Estamos perante uma associação criminosa voltada ao crime de falsidade ideológica e estelionato. Algumas vezes eles se passavam também por advogados”, diz a delegada Áurea Albanez.
Em toda compra, venda e aluguel de imóvel, o consumidor precisa consultar a matrícula do imóvel no cartório e os documentos das pessoas envolvidas no negócio. Verdadeiros corretores também têm um registro chamado CRECI, no Conselho Regional de Corretores de Imóveis. Consulte esse número.
Veja a reportagem completa do Domingo Espetacular, com o repórter César Galvão, no vídeo abaixo:
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