Os dados mais recentes do Caged (Cadastro Geral de Emprego e Desemprego), divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta semana, indicam que a Indústria foi o setor que mais criou novos postos de trabalho no Brasil em janeiro, com um saldo positivo de 70,4 mil contratações com carteira assinada nacionalmente, sendo 26,4 mil somente no estado de São Paulo. A indústria guarulhense também foi a principal responsável pelo bom resultado de emprego municipal no primeiro mês deste ano, com um saldo positivo de 816 novos funcionários registrados conforme as normas da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
Mas por que o setor começou o ano tão bem? Para Maurício Colin, diretor titular do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Guarulhos os bons números se devem a um conjunto de fatores econômicos, como taxa de desemprego baixa, Produto Interno Bruto (PIB) em alta e consumidor confiante. O chamado ciclo virtuoso.
E a indústria de Guarulhos consegue se aproveitar desse bom momento por diferentes motivos:
“Temos a influência do parque industrial que nós temos em Guarulhos. Ele é bem eclético, vai de alimentos a remédios. E, como sempre, a nossa localização ajuda as indústrias a movimentarem bem aqui e quererem estar aqui. Além disso, teve uma melhora na qualificação profissional. Eu acho que o Senai e o SESI têm feito um trabalho diferenciado em Guarulhos. Muitas faculdades abrindo vários cursos, o que facilita e leva as pessoas a se formarem melhor, se capacitarem melhor. O Ruy [Guerios], [fundador] do Eniac, tem feito um trabalho muito forte.”
Colin menciona ainda os investimentos realizados pelo setor nos últimos dois anos. “As indústrias, no pós-pandemia aí nos últimos dois anos, começaram a investir mais em inovação e tecnologia. Muita gente entendia que com a evolução, com a economia 4.0 e com a IA, poderia haver desemprego, está aí uma resposta. Nós já estamos colhendo frutos dessa mudança e ela vai ser gradual.”
A indústria de Guarulhos fechou janeiro de 2025 com 101.208 trabalhadores com carteira assinada –o chamado estoque do Caged, número que indica o total de vínculos empregatícios ativos. Em relação ao número de empregos, esse é o melhor início de ano do setor na cidade nos últimos anos, considerando inclusive janeiro de 2020, quando a pandemia de Covid-19 ainda não havia provocado períodos de isolamento social no Brasil. Confira os números na tabela abaixo:
Mês e ano | Trabalhadores com carteira assinada |
Janeiro de 2025 | 101.208 |
Janeiro de 2024 | 97.982 |
Janeiro de 2023 | 97.083 |
Janeiro de 2022 | 94.639 |
Janeiro de 2021 | 94.048 |
Janeiro de 2020 | 93.618 |
Para o conjunto do território nacional, o salário médio de admissão em janeiro de 2025 foi de R$ 2.251,33. Comparado ao mês anterior, houve um aumento real de R$ 89,02, o que significa uma variação positiva de 4,12%. “A indústria, quando contrata forte, tem aumento de renda média da população ocupada. Isso vai melhorar a condição da vida das pessoas e é isso que eu acho que leva a essa melhoria que nós estamos vivendo, esse baixo nível de desempregados”, opina o diretor titular do CIESP Guarulhos.

O total de vagas do setor industrial representa 51,3% do saldo positivo de 137.303 empregos formais criados no primeiro mês do ano, segundo dados do Caged. Dos 70.428 novos postos de trabalho com carteira assinada gerados pelo setor em janeiro, 49,8 mil vagas foram para jovens de até 24 anos.
Em 2024, a produção industrial brasileira cresceu 3,1%, o terceiro melhor resultado nos últimos 15 anos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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