O Mapa de Qualidade das Praias da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) indica que o litoral paulista tem 38 praias impróprias para banho, das 175 monitoradas no estado. O Governo de São Paulo orienta os municípios litorâneos sobre medidas preventivas a serem adotadas para evitar casos de Doença de Transmissão Alimentar (DTA) no verão, quando há grande concentração de turistas por conta das festas de fim de ano e férias escolares. Guarujá, na região metropolitana da Baixada Santista, enfrenta um surto de virose neste início de 2025.
Na última semana, mais de 2 mil pessoas procuraram Unidades de Pronto Atendimento no município, relatando sintomas como náuseas, vômitos e diarreia. “Neste momento, temos considerado sim a utilização do termo surto para definir a situação em Guarujá, visto que nós temos a informação do volume de pessoas [atendidas] que já caracteriza surto”, disse a diretora da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar da Secretaria de Estado da Saúde, Alessandra Lucchesi, em entrevista à Agência Brasil.
A diretora explicou que é preciso ainda a confirmação de algumas informações por parte do município para entender a extensão do surto, e se ele afeta a cidade inteira ou apenas alguns bairros específicos. Em Guarujá, duas praias estão classificadas como impróprias para banho: Perequê e Enseada.
O estado também acompanha a situação dos atendimentos em Praia Grande, onde há seis praias (Aviação, Vila Tupi, Vila Mirim, Maracanã, Real e Balneário Flórida) classificadas como impróprias. “É outro município que apresentou um aumento no número de casos de gastroenterite, mas as informações ainda estão sendo averiguadas pelo município para entender se há ocorrência de algum surto ou não”, disse Alessandra Lucchesi.
Já em Santos, a Ponta da Praia, Aparecida, Embaré, Boqueirão, Gonzaga e José Menino estavam impróprias para banho.
Surto de virose no litoral paulista
Para identificar a origem dos casos, que podem ter transmissão hídrica ou alimentar, Alessandra Lucchesi explica que é feito um inquérito epidemiológico com as pessoas adoecidas para identificar se, em algum momento, houve consumo de alimento em comum em determinado local. Há ainda investigação relacionada à água.
“Nesse contexto do litoral, a gente verifica tanto a qualidade da água do mar, tanto a água própria para consumo humano. Investigam-se quais foram as possíveis fontes de água que foram utilizadas, se foi a água do sistema de abastecimento público, se foi água de poço, se foi alguma outra água que foi adquirida. Todas essas questões, elas ainda estão em processo de investigação”.
Alessandra Lucchesi, diretora da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar da Secretaria de Estado da Saúde
A secretaria e os municípios estão em processo de coleta não apenas de amostras das fontes de água, mas das amostras de fezes dos pacientes para análise. A partir disso, o material é encaminhado para o Instituto Adolfo Lutz para processamento. A pesquisa é feita tanto para vírus quanto bactérias e parasitas. “Se for alguma bactéria, a gente leva mais ou menos dez dias para conseguir ter esse resultado. Se for vírus ou parasita, o resultado sai muito mais rápido.”
Sabesp nega relação com surto de virose em Guarujá
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informou, neste domingo (5), que o surto de virose em Guarujá, no litoral paulista, não tem relação com a operação da empresa. “Não foi identificado qualquer problema na rede da companhia que possa ter atingido as praias do Guarujá”, disse, em nota.
A prefeitura de Guarujá havia informado que notificou a Sabesp sobre a possibilidade de vazamentos e ligações clandestinas de esgoto na região da Enseada, que poderiam ser a causa do aumento dos casos de virose na cidade. No entanto, a Sabesp negou a informação.
“A companhia ainda não foi notificada pela prefeitura da cidade, mas, de toda forma, já prestou os devidos esclarecimentos à Secretaria Municipal de Meio Ambiente”, diz a nota. Ainda segundo a Sabesp, os sistemas de água e esgoto da Baixada Santista estão operando normalmente e são monitorados 24 horas por dia.
“O município possui cerca de 45 mil imóveis irregulares, cujo despejo de esgoto pode estar sendo realizado em galerias de águas pluviais, o que afetaria a balneabilidade das praias. Isso porque as redes municipais de águas das chuvas, que devem ser fiscalizadas pela prefeitura, desembocam no mar”, acrescentou a Sabesp.
Além disso, a Prefeitura de Guarujá informou que “aguarda o resultado de análises encaminhadas ao Instituto Adolfo Lutz para tentar esclarecer a origem dos casos de GECA (gastroenterocolite aguda), uma doença que causa inflamação no estômago, intestino delgado e intestino grosso”.
Como consultar qualidade das praias
É possível conferir a situação no site da Cetesb ou no aplicativo disponível para download gratuito em smartphones. As praias também são sinalizadas com bandeiras de acordo com a qualidade, com a cor vermelha indicando a condição imprópria. A Cetesb recomenda que a população não entre no mar se a praia estiver classificada como imprópria. Também não é recomendado o banho na água 24 horas após as chuvas.
*Com informações da Agência Brasil e da Agência SP
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