A greve dos servidores públicos de Guarulhos chegou ao quarto dia nesta quinta-feira (15). De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública Municipal (Stap), que coordena o movimento, mais de duas mil pessoas se reuniram hoje no ato que começou na Praça Getúlio Vargas e prosseguiu com uma passeata pelo centro da cidade. Os trabalhadores são contra o reajuste salarial de 2% concedido pela gestão Lucas Sanches.
O chefe do Executivo tem tentado desmobilizar a greve com ações na Justiça, mas as decisões judiciais têm concedido aos servidores o direito de paralisação parcial. Uma audiência de conciliação está marcada para segunda-feira, dia 19.
Enquanto isso, parte dos serviços municipais, como a preparação de merenda escolar, aulas e atendimentos em UBSs (Unidades Básicas de Saúde) seguem parcialmente comprometidos. Depois de apresentar a proposta de 2% e aprovar o reajuste na Câmara, Lucas Sanches não fez nenhum aceno no sentido de negociação com a categoria.
Entenda o que está acontecendo
Antes da greve, o prefeito fez apenas uma reunião com os representantes dos servidores, explicou que pegou a prefeitura endividada e fez a proposta de reajuste de 2% nos salários. Os profissionais não aceitaram e, antes de a negociação ser encerrada, Sanches enviou o Projeto de Lei que foi aprovado por 23 vereadores na Câmara Municipal. A falta de diálogo incomodou os servidores, que se sentiram desrespeitados e passaram a cobrar um reajuste de 8%.
“O prefeito tenta desmobilizar de todas as formas a greve, agora com outra ação na Justiça, outra liminar. Mas nós não vamos desmobilizar. Seguiremos na rua, mobilizados, contra esse reajuste injusto de 2% e pela valorização real dos servidores”, disse o presidente da Stap.
Lucas Sanches publicou vídeos nas redes sociais na quarta-feira (14), argumentando que não tem condições de oferecer um reajuste maior do que esse. Em nota, a prefeitura de Guarulhos diz que “a adoção de um índice acima da capacidade orçamentária do município comprometeria seriamente a responsabilidade fiscal da gestão, o que poderia acarretar em penalidades legais e riscos ao funcionamento da máquina pública”.
Na assembleia desta quinta, a categoria aprovou a continuidade da greve e definiu que o quinto dia de paralisação, nesta sexta (16), terá concentração a partir das 10h em frente ao Paço Municipal, no Bom Clima.

Vale mencionar
O grande erro de Lucas Sanches durante esse processo foi enviar o Projeto de Lei para a Câmara Municipal antes de ouvir os servidores mais uma vez. Ele poderia ao menos se comprometer a conceder um reajuste melhor a partir de 2026, quando a sua gestão terá um poder maior sobre o orçamento –afinal, o orçamento de 2025 foi decidido no ano passado.
Outro erro foi a comunicação do prefeito nesse caso. Sanches demorou três dias para se manifestar sobre a greve e, quando se manifestou, não apresentou nenhuma alternativa aos servidores. Ele tem sido muito cobrado porque, durante a campanha eleitoral do ano passado, se comprometeu a valorizar os servidores. Um mandato dura quatro anos e essa promessa ainda tem tempo para ser cumprida, mas o início nesse sentido não foi nada promissor. O bom diálogo já seria um bom sinal.
Agora, uma coisa que deve ser dita é que o reajuste de mais de 40% nos salários dos vereadores de Guarulhos, que passou a valer em janeiro de 2025, não pode ser colocado na conta de Lucas Sanches. Esse aumento foi aprovado no ano de 2023 e, curiosamente, o então vereador Lucas Sanches foi o único que votou contra a alta de R$ 16.502,74 para R$ 23.428,64. Mesmo se quisesse, o prefeito não teria poder para reverter esse aumento salarial dos vereadores.