A Invepar, holding de infraestrutura que controla a GRU Airport, concessionária do Aeroporto Internacional de Guarulhos, conseguiu fechar um acordo provisório com seus principais credores. O objetivo é suspender temporariamente a cobrança de dívidas que chegam a R$ 1,5 bilhão e, assim, evitar a necessidade de um pedido de recuperação judicial, em um movimento para reestruturar suas obrigações financeiras sem envolver a Justiça.
O acordo, conhecido como “standstill”, foi formalizado na segunda-feira (16) com um prazo inicial de 15 dias, prorrogável por mais uma quinzena, com previsão de término em 2 de julho. O objetivo do grupo é proteger o caixa, os ativos e as operações, incluindo suas controladas Lamsa (Linha Amarela, Rio de Janeiro), Lambra (subsidiária com antiga concessão rodoviária no Peru) e a concessionária BR-040. A GRU Airport não faz parte da possível recuperação judicial.
A resolução da situação financeira da Invepar, porém, pode levar a mudanças significativas na gestão do aeroporto. A venda da participação da Invepar no Aeroporto de Guarulhos é considerada como um dos movimentos prováveis para a reestruturação financeira da holding. O banco BTG Pactual, por exemplo, já demonstrou interesse na compra da atual concessão, que vai até novembro de 2033. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
Acordo com credores
Entre os credores que assinaram o pacto estão instituições financeiras de peso como Banco do Brasil, Bradesco, BDMG, Itaú Unibanco e o fundo árabe Mubadala. Cerca de 80% dos detentores de títulos locais já haviam manifestado apoio à proposta na semana anterior, e o Mubadala, que anteriormente indicava um impasse, retornou à mesa de negociações.
A Invepar reportou um prejuízo líquido de R$ 40,4 milhões no quarto trimestre do ano passado, revertendo um lucro de R$ 5,2 milhões registrado no mesmo período de 2023.
A pressão sobre a Invepar se intensificou devido ao peso da dívida em um ambiente de juros elevados, com a taxa Selic atingindo patamares considerados altos para as últimas duas décadas. Além disso, a crise na mobilidade urbana e no setor aeroportuário, agravada pela pandemia, impactou significativamente sua situação de liquidez.
Risco de recuperação judicial
Em 15 de maio, a Invepar já havia solicitado à Justiça do Rio de Janeiro uma medida cautelar, que foi concedida no dia seguinte, para antecipar os efeitos de uma possível recuperação judicial. Esse movimento buscava salvaguardar o caixa e os ativos do grupo. Na ocasião, a empresa havia declarado que protocolaria o pedido de recuperação judicial caso não chegasse a um entendimento com seus credores dentro do prazo.
A agência S&P Global, em maio, rebaixou a nota de crédito da Invepar de “CC” para “D” após a obtenção dessa medida cautelar, sinalizando ao mercado a iminência de uma recuperação judicial. Essa ação da S&P veio em resposta à cobrança antecipada de mais de R$ 500 milhões em debêntures por investidores locais.
Parte dessa dívida, mais de R$ 670 milhões, refere-se a debêntures detidas pelo fundo árabe Mubadala e pelos fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica), que, inclusive, são acionistas controladores da Invepar.
O que é a Invepar
Fundada em 2000, com sede no Rio de Janeiro, a Invepar atua nos setores de rodovias, aeroportos e mobilidade urbana tanto no Brasil quanto no Peru. O Aeroporto de Guarulhos é considerado seu ativo mais relevante, sendo o maior e mais movimentado do país. A Invepar detém 80% das ações da Aeroporto de Guarulhos Participações S.A., que, por sua vez, possui 51% das ações da GRU Airport, a concessionária do aeroporto.
Além disso, o grupo foi acionista controlador da Via 040, antiga concessionária do trecho da BR-040 entre Brasília e Juiz de Fora, embora suas atividades tenham sido encerradas em agosto de 2024 após a rodovia ser fatiada em novas concessões. A Invepar também é acionista minoritária na Via Rio, que administra parte do corredor Presidente Tancredo de Almeida Neves, a Transolímpica, no Rio de Janeiro.
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