Endividada, Casa do Pão de Queijo é exemplo do quanto é caro comer em aeroporto

Entenda o pedido de Recuperação Judicial da Casa do Pão de Queijo, empresa que está presente em todos os terminais do Aeroporto de Guarulhos.

Vinícius Andrade

redacao@guarulhostododia.com.br

Divulgação e Guarulhos Todo Dia

Publicado em 04/07/2024 às 19:36 / Leia em 5 minutos

A Casa do Pão de Queijo é um bom exemplo de como a alimentação dentro de um aeroporto pode ser cara. Presentes nos três terminais de Guarulhos, as lojas da empresa cobram R$ 11 em uma garrafa de água mineral Crystal de 510ml, R$ 10 em uma xícara de café expresso e R$ 16 se for expresso duplo, valor bem acima da média em relação ao que se vê fora do aeroporto. Na última semana, a companhia entrou com pedido de Recuperação Judicial (RJ), declarando uma dívida de R$ 57,5 milhões.

De acordo com a rede de cafeterias, a culpa pela crise financeira não é dos preços altos cobrados nas lojas de aeroportos. Afinal, infelizmente é normal empresas de alimentação cobrarem mais caro nos terminais. A prática não é uma exclusividade da Casa do Pão de Queijo. A principal vilã para os negócios da empresa foi a pandemia de Covid-19. Nesta reportagem, o Guarulhos Todo Dia vai te explicar todo o caso.

No Aeroporto de Guarulhos, a Casa do Pão de Queijo tem sete unidades listadas: uma no Terminal 1, quatro no Terminal 2 e duas no Terminal 3. A marca ainda conta com cerca de 20 unidades espalhadas em outros 10 aeroportos do país.

O pedido de Recuperação Judicial inclui essas 28 filiais em aeroportos e também da holding que administra todo o grupo. A rede de cafeterias chegou a ter 47 filiais em terminais brasileiros, mas fechou 19 recentemente porque não conseguiu se reerguer do baque causado pela pandemia, que diminuiu o fluxo de clientes.

A RJ envolve somente essas lojas próprias, sem incluir as 170 franquias –unidades em ruas, shoppings e outros tipos de comércio.

Em meio ao pedido de RJ, a companhia informou que não fará novos cortes nos funcionários das filiais que seguem em operação. Além disso, disse que manterá a operação com os produtos atuais, sem mudar nada para o consumidor.

Os preços da Casa do Pão de Queijo no Aeroporto de Guarulhos

No início de abril, um levantamento feito pela nossa reportagem sobre preços de alimentos no Aeroporto de Guarulhos, identificou os seguintes preços em alguns itens da Casa do Pão de Queijo nos terminais do GRU Airport:

  • 2 pães de queijo com recheio – R$ 20
  • 2 pães de queijo + bebida quente – R$ 30
  • Sanduíche + bebida fria + cookie – R$ 40
  • Beirute + bebida fria + cookie – R$ 46
  • Prato + bebida fria + cookie – R$ 60
  • Café expresso – R$ 10
  • Água mineral 510 ml – R$ 11
  • Café expresso duplo – R$ 16
  • Refrigerantes de 350 ml – A partir de R$ 14
  • Cerveja Budweiser ou Heineken (330 ml) – R$ 23

A Recuperação Judicial da Casa do Pão de Queijo

A Casa do Pão de Queijo disse que “foi fortemente impactada pela pandemia de Covid-19, que obrigou a suspensão de atividades por razões sanitárias com a consequente perda de produtos, sem uma contrapartida suficiente em termos de aluguéis de lojas, pagamento de funcionários e contratos com fornecedores”.

Nos três primeiros meses de pandemia, a companhia perdeu 97% de seu faturamento. O GRU Airport é um dos três principais credores da Casa do Pão de Queijo, em uma lista que inclui também os bancos Itaú e Santander.

Os juros altos e a dificuldade de conseguir crédito na praça dificultaram o negócio, que estava em expansão. A companhia alega que os aeroportos continuaram cobrando aluguéis mesmo com a redução de passageiros, o que, em alguns casos, resultou em “dívidas injustas e impagáveis”.

Outro ponto mencionado na Recuperação Judicial foi o alagamento do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, que fez com que a empresa fechasse as quatro lojas que funcionavam ali: 55 funcionários foram demitidos. “A tragédia climática causou um impacto financeiro negativo de quase R$ 1 milhão por mês em vendas e uma perda de EBITDA de aproximadamente R$ 250 mil por mês”.

O que a empresa vai fazer?

Para o advogado Fernando Canutto, sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Empresarial, o pedido de recuperação judicial da Casa do Pão de Queijo, incluindo o impedimento de corte de energia, indica uma situação financeira crítica. “Esse pedido pode ser visto como uma tentativa de manter as operações enquanto a empresa busca reestruturar suas dívidas e recuperar sua saúde financeira”, avalia, em declaração enviada ao GTD.

Após 180 dias do pedido de Recuperação Judicial, a empresa deverá seguir diversos passos para garantir a recuperação, como apresentação detalhada do plano de recuperação, a ser avaliado pelos credores e pelo juiz, a negociação com credores, de forma a ajustar prazos, valores e condições de pagamento das dívidas, entre outros pontos.

“Caso o plano seja aprovado, a empresa deve implementá-lo rigorosamente, o que pode incluir reestruturação interna, venda de ativos, renegociação de contratos e corte de custos”, complementa Canutto.

O processo de Recuperação Judicial corre na 1ª Vara Regional de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem. O valor exato da ação é R$ 57.496.189,82.

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