Metrô promete portas de plataforma seguras nas linhas que vão chegar em Guarulhos

A morte de Lourivaldo Ferreira de Nepomuceno, de 35 anos, na estação Campo Limpo da Linha 5-Lilás do Metrô, chamou a atenção para o problema da segurança nas portas automáticas do Metrô. Ele ficou preso entre as portas de plataforma e as portas do trem. Nos últimos quatro anos, pelo menos 15 pessoas ficaram presas entre os trens e as portas de segurança, em estações do Metrô. O primeiro dos acidentes na Linha 5-Lilás, segundo relatório da própria Via Mobilidade, que administra a linha, ocorreu em 21 de novembro de 2021.

Para quê servem as portas de plataforma

As portas de plataforma são um equipamento de segurança adotado no metrô de vários países, especialmente da Europa e da Ásia. O primeiro a instalar esse equipamento foi o metrô de Paris, há cerca de 30 anos. Atualmente, os metrôs de Tóquio, Seul, Hong Kong, Londres, Pequim, São Petersburgo e Sevilha, entre outros, adotaram as portas de plataforma. O metrô de São Paulo foi o primeiro da América Latina a iniciar a adoção do equipamento. O metrô de Santiago, no Chile, também iniciou a implantação de portas de plataforma e planeja ter o equipamento em todas suas linhas até 2032.

Portas de plataforma (Platform Screen Doors ou PSD’s, na sigla em inglês) são fachadas, barreiras ou portas de vidro, instaladas na borda de uma plataforma de embarque. Elas impedem que passageiros acessem a linha ou deixem cair objetos quando não há um trem parado. Um problema muito comum no Metrô de São Paulo, que muitas vezes interrompe a circulação dos trens e provoca atrasos. Ou, pior, com a queda de pessoas, provoca acidentes graves e até mortes. O Metrô de São Paulo não divulga números, mas há registros de suicídios em suas linhas. Também já houve casos de pessoas que foram jogadas na linha por outras pessoas.

Qual o problema com as portas de plataforma em SP?

Os casos de acidentes registrados no Metrô paulista aconteceram com pessoas que ficaram presas no vão entre as portas de plataforma e os trens. Esse vão não deveria existir ou não deveria ser possível que uma pessoa ficasse presa neste espaço. As portas de plataforma e do trem têm que abrir ao mesmo tempo, emitir aviso sonoro antes de fechar e também fechar ao mesmo tempo. Se houver vão entre as portas, é necessário que existam sensores de presença, que identifiquem se alguém ficou preso e impeçam que o trem saia da estação até a pessoa ser retirada daquele local.

Nas linhas de metrô de São Paulo há tecnologias diferentes nas portas de plataforma, conforme a linha. As Linha-4 Amarela já foi construída com as estações dispondo de portas de plataforma, com sensores de presença que impedem a saída da composição, se as portas da plataforma e do trem não estiverem fechadas. Nas linhas administradas pela própria Companhia do Metrô (1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha), as estações que já têm portas de plataforma dispõem de sensores de presença e dispositivos que impedem que passageiros fiquem presos no vão entre as portas.

As estações da linha 5-Lilás, administrada pela Via Mobilidade, têm um grande vão entre as portas de plataforma e as portas do trem. Há sensores de presença nas duas portas, mas não no vão entre elas. Para resolver o problema, o projeto é instalar barras de borracha com sensores, que impediriam o fechamento das portas se detectassem passageiros. A promessa do Metrô é que essas barras serão instaladas em 90 dias.

E as linhas de Metrô que devem chegar em Guarulhos?

Guarulhos deve receber estações de Metrô de duas novas linhas. As primeiras estações que devem ser inauguradas na cidade são as duas da extensão da Linha 2-Verde (estações Ponte Grande e Dutra). A previsão atual é de que a estação Dutra seja entregue em 2031. Já a Linha 19-Celeste, que ligará o Anhangabaú, em São Paulo, ao Bosque Maia, em Guarulhos, terá cinco estações no território guarulhense: Itapegica, Dutra (conexão com Linha 2-Verde), Vila Augusta, Guarulhos-Centro e Bosque Maia. As obras dessa linha devem começar em 2026.

Guarulhos Todo Dia questionou a Companhia do Metropolitano sobre a questão da segurança nas portas de plataforma dessas duas linhas. Nas imagens disponíveis nos documentos oficiais das duas linhas é possível observar que as estações já estão sendo projetadas com portas de plataforma. A imagem que ilustra esse texto, parte dos documentos oficiais, mostra a projeção de um trem parado na futura estação Bosque Maia da Linha19-Celeste, com portas de plataforma na estação.

A Companhia do Metrô nos respondeu em nota, que você pode ler abaixo, na íntegra:

“As novas estações da expansão da Linha 2-Verde (Vila Prudente-Dutra) e da futura Linha 19-Celeste, que atenderão a cidade de Guarulhos, contarão com portas de plataforma dotadas da mais alta tecnologia metroferroviária. Os novos projetos adotam rígidos protocolos de segurança e seguem normas técnicas nacionais e internacionais para garantir a integridade física dos passageiros e funcionários.

No caso das novas estações da Linha 2-Verde, o projeto de sistemas já prevê sensores de presença e dispositivos de proteção para impedir que passageiros fiquem no vão entre o trem e a porta da plataforma. Esses dispositivos evitam o fechamento das portas caso haja qualquer obstáculo e impedem o envio de sinal de ‘portas fechadas e travadas’, o que bloqueia automaticamente a partida do trem. Para a futura Linha 19-Celeste, os mesmos requisitos de segurança serão seguidos quando os projetos executivos forem elaborados”.

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