Governo de SP espera vender linha de VLT que ligará Guarulhos ao ABC ainda em 2025

Leilão que definirá empresa que será responsável pela construção da futura Linha 14-Ônix e da gestão da Linha 10-Turquesa deve acontecer até dezembro.

Vinícius Andrade

redacao@guarulhostododia.com.br

VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) em operação na Baixada Santista (Foto: Divulgação/Prefeitura de Santos)

Publicado em 18/06/2025 às 07:30 / Leia em 6 minutos

O leilão das linhas 10-Turquesa (operada atualmente pela CPTM) e da futura 14-Ônix, que formam o lote ABC Guarulhos, deve ocorrer entre o final de novembro e o início de dezembro de 2025. O cronograma foi informado por Rafael Benini, Secretário de Parcerias e Investimentos do Estado de São Paulo, em entrevista ao canal Broadcast, da Agência Estado. Ele é o responsável pelas privatizações –ou “parcerias público-privadas”– e concessões da gestão Tarcísio de Freitas.

A Linha 14-Ônix pretende ligar Guarulhos, com estações no Bonsucesso, no Pimentas e na Estrada do Sacramento, ao ABC Paulista, com paradas na zona leste da capital. O problema, porém, está no tipo de modal escolhido para a nova linha: o VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos), uma alternativa bem mais econômica, mas com capacidade menor de passageiros, em relação ao trem e ao Metrô.

Sobre os leilões dos transportes metropolitanos, Benini destacou que o governo tem se aprimorado no relacionamento com as empresas. “A gente viu o que aconteceu na linha 8 e 9, eu acho que daí tem o problema de como o ativo foi passado para a CCR, o problema de como a CCR recebeu esse ativo, problemas dentro do contrato”, afirmou. Ele ressaltou que as melhorias incluem uma transição do ativo mais demorada, maior tempo de treinamento e o uso de profissionais da própria CPTM que já conhecem o setor.

O secretário garantiu um “investimento pesado em trilho, dormente e rede aérea” nas linhas 10 e 14. Um dos pontos-chave do projeto é a implantação de uma nova e moderna sinalização, que segue o padrão europeu nível dois.

“Isso que é interessante, quando eu terminar e todo mundo tiver o mesmo padrão, que hoje eles não têm o mesmo padrão, eu vou conseguir ter o trem da 8 andando, na 9 andando, na 11 andando, na 7”, explicou Benini, ressaltando que essa tecnologia de comunicação entre os trens permitirá diminuir o intervalo entre as composições para cerca de 3 minutos, aproximando-se do tempo de metrô, que é de 90 segundos. A padronização da sinalização também facilitará a circulação de trens de diferentes linhas em outras vias, aumentando a flexibilidade operacional.

Cronograma e integração de projetos

O edital para as linhas 10 e 14 deve ser publicado entre julho e agosto. O leilão, por sua vez, está programado para cerca de 100 dias após a publicação do edital, concretizando-se no final de novembro ou início de dezembro de 2025. A assinatura do contrato está estimada para o primeiro trimestre de 2026.

O lote ABC Guarulhos prevê um investimento total de R$ 19 bilhões, por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) com duração de 30 anos, que inclui a requalificação da Linha 10-Turquesa e a construção da Linha 14-Ônix. Benini salientou que esses projetos são integrados a um planejamento maior e são demandas da Secretaria de Transportes Metropolitanos, com a Secretaria de Parcerias e Investimentos atuando na execução.

Assista à entrevista abaixo:

A Linha 14-Ônix e a polêmica do VLT

A Linha 14-Ônix será um novo Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) totalmente segregado. Seu trajeto está previsto para ligar a Estação ABC (Pirelli), em Santo André, a Bonsucesso, em Guarulhos, passando por Sapopemba, Itaquera e São Miguel, na zona leste da capital. A construção dessa conexão, incluindo a extensão da Linha 13 até Bonsucesso, está prevista dentro da concessão.

O custo estimado para a construção da Linha 14-Ônix é de cerca de R$ 13 bilhões. A linha terá 41 quilômetros, sendo 18 km em elevado (45%), 12,4 km em túnel (30%) e 10,3 km em nível (25%). A entrega será dividida em três trechos: o primeiro, entre o Hospital Jardim Helena e o Hospital Santa Marcelina (sete estações), até 2030; o segundo, do Parque do Carmo ao ABC (oito estações), até 2035; e o terceiro, em Guarulhos, com as estações Bonsucesso, Pimentas e Sacramento, previsto para 2040.

A futura concessionária deverá investir cerca de R$ 1 bilhão na aquisição dos VLTs, que terão capacidade para 440 passageiros e velocidade de até 80 km/h, com intervalo de cinco minutos entre as composições e tempo de percurso completo de 1 hora e 30 minutos.

No entanto, a escolha do VLT gerou polêmica devido a estudos divergentes entre as pastas do governo. Enquanto a CPTM e a Secretaria dos Transportes Metropolitanos projetavam a Linha 14 como um trem metropolitano de média capacidade, a Secretaria de Parcerias e Investimentos optou pelo VLT.

Augusto Almudin, diretor de Assuntos Corporativos da Companhia Paulista de Parcerias (CPP), justificou a escolha pelo VLT, argumentando que a demanda crítica estimada para a Linha 14 é de aproximadamente 6.000 passageiros por hora, sendo “plenamente atingida por um tipo modal de VLT”. Ele explicou que o trem pesado seria mais adequado para demandas a partir de 20.000 passageiros por hora.

Almudin enfatizou que o VLT é mais econômico, exige menos desapropriações e gera menor impacto socioambiental, além de se integrar mais facilmente ao tecido urbano. “O estado terá um esforço fiscal menor com essa alternativa”, defendeu.

Apesar dos argumentos, interessados e especialistas levantaram preocupação com a baixa capacidade do VLT para atender a alta demanda das regiões de Guarulhos, zona leste e ABC paulista. Enquanto o projeto atual estima 225 mil passageiros por dia, estudos anteriores da Secretaria dos Transportes Metropolitanos recomendavam trens pesados, com capacidade para 750 mil passageiros, gerando o temor de que a linha já nasça saturada.

Durante as audiências públicas, Almudin rebateu, afirmando que a Linha 14 servirá como uma “alimentadora” para outras linhas, como a futura Linha 19-Celeste do Metrô (para Guarulhos) e a Linha 20-Rosa (para o ABC), e não para grandes deslocamentos diretos entre ABC e Guarulhos. Ele também alertou para o risco de um investimento superior a R$ 26 bilhões em um trem metropolitano de alto impacto que acabaria subutilizado.

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