Nos últimos anos, o rio Pinheiros, que escoa pela área metropolitana de São Paulo e deságua no rio Tietê, passou por grandes transformações. Essas mudanças foram impulsionadas pelo projeto de revitalização do Pinheiros, uma iniciativa do governo estadual que investiu mais de R$ 1,5 bilhão. As obras incluíram a implantação de novas redes coletoras, unidades de recuperação da qualidade da água, e um trabalho de conscientização junto à população das bacias, destacando a importância das ligações de esgoto das residências para as redes públicas.
Estabelecendo metas de qualidade da água, o objetivo foi reduzir a carga poluidora que chegava ao Pinheiros, proveniente de seus afluentes. Embora tenha havido uma redução significativa na carga orgânica, essa não foi completamente eliminada e ainda oscila devido às condições dinâmicas das bacias hidrográficas contribuintes.
No entanto, é inegável que a qualidade da água, tanto nos afluentes quanto no rio Pinheiros, melhorou, conforme comprovado pelas análises de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), que apresentaram valores menores em comparação aos observados antes da intervenção. Além disso, o odor antes insuportável foi substancialmente reduzido, tornando mais agradável a experiência de quem utiliza a ciclovia ao longo das margens do rio.
Rio verde
Nesta semana, observou-se uma atípica coloração esverdeada no rio, o que pode ser explicado por uma grande proliferação de algas, que encontraram condições ideais para seu crescimento: Clima quente, abundante luz solar, e menor vazão devido à estiagem. Vazões reduzidas contribuem para o aumento da concentração de poluentes, como nitrogênio e fósforo, que são nutrientes para as algas. Temperaturas altas e dias ensolarados favorecem a fotossíntese.
Outro fator relevante é o grande volume de sedimentos que escoa pelo rio, trazendo consigo mais nutrientes. Embora o poder público realize desassoreamento e remoção de lixo, essas atividades muitas vezes não acompanham o volume de sedimentos provenientes de áreas em urbanização. A falta de educação da população, que ainda descarta lixo inadequadamente na rede de drenagem, também agrava a situação.
Por fim, a baixa declividade e a velocidade reduzida de escoamento do rio Pinheiros fazem com que ele apresente características semelhantes às de um lago, com limitada inserção de oxigênio, um elemento essencial para a rápida degradação biológica. Isso contribui para a manutenção de níveis elevados de nutrientes, favorecendo ainda mais a proliferação de algas.
Com o início das chuvas no próximo mês, toda esta situação será alterada fazendo com que o rio retome a sua condição usual.
*Artigo de Liliane Frosini Armelin, engenheira sanitarista, docente da Escola de Engenharia da
Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Doutora em Recursos Hídricos.
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