A tragédia no Rio Grande do Sul, com a cheia do Guaíba e alagamento de cidades gaúchas, despertou a atenção dos brasileiros sobre como os municípios têm se preparado para os temporais. As obras de prevenção de enchentes são aquelas que quase ninguém percebe que foram feitas quando está tudo funcionando, mas em épocas de grandes chuvas dá para notar o quanto são importantes.
Em Guarulhos, apesar de nunca ter acontecido algo da dimensão das cheias do RS, diversas regiões sofrem com alagamentos e transtornos causados durante os temporais. No último ano, por exemplo, bairros como Presidente Dutra, Parque Jurema e a região central ficaram com ruas intransitáveis por causa da água.
Nesta reportagem, o Guarulhos Todo Dia te explica como a cidade tem se preparado para evitar grandes enchentes.
O rio Baquirivu-Guaçu é o mais importante de Guarulhos.
Prefeito em seu último ano de mandato, Guti tem no Programa Viva Baquirivu uma das principais bandeiras de sua gestão. O projeto, com parte das obras em andamento e outras entregues, tem como um dos objetivos melhorar os sistemas de drenagem de Guarulhos, reduzindo em 80% as enchentes na cidade. Para isso, as obras incluem a ampliação da calha do rio, a construção de reservatórios e a recuperação de áreas de várzeas, onde existe a promessa de implantação do maior parque linear da cidade.
A licitação das obras contempla a canalização de 14,4 km do rio Baquirivu, instalação de parque linear em toda a sua extensão e uma ciclovia que irá da estação da CPTM até a divisa com a cidade de Arujá, com cerca de 20 km.
A canalização de parte do córrego Cocho Velho, localizado entre os bairros Presidente Dutra e Cumbica, foi entregue em novembro do ano passado. A obra tem 1.163 m² e aumentou a calha do córrego de oito para 25 metros, o que reduz as chances de enchentes no local. Também foram realizadas a concretagem dos taludes e paisagismo nas margens.
Todo o Viva Baquirivu foi dividido em três lotes: o lote 1 compreende os bairros Taboão e Vila das Malvinas; no lote 2, estão os bairros Cidade Seródio, Jardim Novo Portugal e Lavras; no lote 3, Bonsucesso e Vila Sadokim. Cada um deles, já tem parte canalizada.
Com as obras e a construção desses reservatórios, a Prefeitura de Guarulhos acredita que ocorrência de enchentes deverá ser reduzida para uma a cada 25 anos. O programa prevê ao todo cinco reservatórios.
As obras começaram em 2022 e vão durar mais de dois anos e meio. Para realizar o Viva Baquirivu, a Prefeitura conseguiu o aporte financeiro com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), de US$ 96 milhões (R$ 494 milhões, em valores atuais), além de mais US$ 24 milhões (R$ 123 milhões) de recursos próprios do orçamento do município.
Parte do Governo de SP foi entregue em 2023
Em agosto do ano passado, o Governo do Estado de São Paulo entregou a canalização de 3 quilômetros de leito do rio Baquirivu-Guaçu, a parte pela qual poder estadual é responsável. As intervenções têm como objetivo minimizar o risco de enchentes na região do Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos e das estações Guarulhos-Cecap e Aeroporto de Guarulhos da Linha 13-Jade da CPTM.
O DAEE revitalizou as margens e ampliou a estrutura de escoamento do canal de oito metros para 21 metros em termos de largura. Além disso, aumentou em mais quatro metros a profundidade. Agora, a vazão suportada praticamente triplicou, passando de 90 mil litros por segundo para até 250 mil litros por segundo. Segundo estudos sobre o projeto, o risco anual de enchentes caiu de 50% para 4%.
O investimento de R$ 109 milhões foi feito com recursos do Tesouro Estadual e financiamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).
Em 2019, o DAEE também já havia canalizado um trecho de 2,7 quilômetros do rio, entre a foz, quando ele deságua no Tietê, e a avenida Natália Zarif, próximo ao Parque Cecap, em Guarulhos.
Orçamento para prevenção de enchentes em Guarulhos
Levantamento realizado pelo telejornal SP2, da Globo, indica que a Prefeitura de Guarulhos tem R$ 349,3 milhões previstos em orçamento para obras contra enchentes em 2024. Desse valor, R$ 145,5 milhões já foram usados entre janeiro e abril, ou seja, 41%. Na região metropolitana, sem considerar a capital, o município é o que mais tem investido nessa área –Osasco, por exemplo, pretende gastar apenas R$ 10 milhões para evitar alagamentos.
Já a cidade de São Paulo investiu 51% do valor de R$ 1,96 bilhão previsto para prevenção de enchentes em 2024. A prefeitura da capital usou o dinheiro para realizar obras e serviços nos sistemas de drenagem urbana, investimento nos sistemas de monitoramento e melhorias nas áreas com riscos para inundações e deslizamentos.
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