Entenda por que a privatização da Sabesp em Guarulhos foi barrada pela Justiça

Ação Direta de Inconstitucionalidade foi acatada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, em caráter liminar, e Prefeitura precisará prestar esclarecimentos.

Vinícius Andrade

redacao@guarulhostododia.com.br

Divulgação/Sabesp

Publicado em 24/06/2024 às 17:54 / Leia em 4 minutos

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) suspendeu, na sexta-feira (21), a Lei Municipal nº 8.275, de Guarulhos, que aprova a adesão da cidade à privatização da Sabesp. O desembargador Roberto Solimene atendeu a um pedido de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) do PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e do Sintaema (Sindicato dos trabalhadores em água, esgoto e meio ambiente do estado de São Paulo) para barrar a nova legislação.

A medida, no entanto, é temporária e não impede a realização do leilão da empresa de água e esgoto, que deve ser concluído até o dia 22 de julho. O que vai acontecer agora é que a Prefeitura de Guarulhos e a Câmara precisarão prestar esclarecimentos à Justiça sobre essa legislação municipal. O poder público da cidade já informou que vai recorrer da liminar.

Segundo a ação, a lei de Guarulhos, aprovada em pleno fim de semana, no dia 18 de maio, não apresenta estudos de impacto orçamentário e financeiro. Além disso, existe o entendimento da oposição de que não houve participação popular necessária para a tomada de decisão.

“A principal controvérsia levantada pelo PCdoB, e ponto central da ADI, envolve alegações de que a lei foi aprovada sem a devida participação popular, desconsiderando os requisitos de estudos de impacto orçamentário e financeiro conforme manda a legislação brasileira. Isso torna a lei inconstitucional por violar princípios de transparência e participação democrática na gestão pública e na administração de serviços essenciais como o saneamento básico”, explica a assessoria jurídica do Sindicato.

Contrato de Guarulhos com a Sabesp

Segundo o pedido apresentado à Justiça, a ausência de estudo de impacto orçamentário cria uma situação de incerteza e insegurança para os cofres do Poder Executivo Municipal. “Ao final do contrato com a Sabesp, que estará sob controle da iniciativa privada, é possível que a Prefeitura se torne devedora dos investimentos realizados e eventualmente não amortizados no curso do contrato, o que pode criar uma dívida de milhões de reais da Prefeitura para com a nova Sabesp privatizada”, indica.

Guarulhos tem um contrato de concessão dos serviços de água e esgoto com a Sabesp até 2058 —esse contrato foi assinado em dezembro de 2018 e tem duração de 40 anos. O acordo prevê investimentos de R$ 1,7 bilhão na cidade durante o período de concessão, com o objetivo de universalizar o acesso à água e ao tratamento de esgoto.

Com a privatização, o atual contrato continuará em vigor.

O temor é que o artigo 368 da Lei das Concessões, que determina que, ao final dos contratos, o poder concedente (no caso, a Prefeitura) pode ter que indenizar a empresa por “bens ainda não amortizados ou depreciados”. Ou seja, se a Sabesp, que estará nas mãos de empresários e não do governo estadual, entender que os investimentos realizados em Guarulhos não renderam o retorno financeiro esperado, a Sabesp privada poderá cobrar uma indenização milionária da Prefeitura depois de 2058.

Na sentença, o desembargador Roberto Solimene apontou que esse é um questionamento que merece explicações da Prefeitura e da Câmara Municipal, além de um posicionamento de autoridades estaduais, responsáveis pelo processo de privatização.

O que diz a Lei suspensa pela Justiça?

A lei 8.275, aprovada pela Câmara Municipal e sancionada pelo prefeito Guti, autoriza o município a aderir ao contrato a ser realizado entre a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e a Unidade Regional de de Serviços de Abastecimento de Água Potável e Esgotamento Sanitário, URAE-1 – Sudeste. Além disso, o projeto estabelece as diretrizes para essa adesão. Entre elas, antecipa para 31 de dezembro de 2029 a meta de universalização da prestação dos serviços de abastecimento de água potável e de esgotamento sanitário em todo o território do município.

Se quiser conhecer mais detalhes, você pode acessar o documento completo aqui.

Segundo a Prefeitura, a privatização da Sabesp “irá garantir uma tarifa de água até 10% mais barata em Guarulhos, que beneficiará principalmente os moradores que ganham menos, inscritos na tarifa social da companhia estatal”. Ainda de acordo com a avaliação do Executivo guarulhense, a privatização da empresa permitirá um aumento de 112% nos investimentos da Sabesp em Guarulhos.

Compartilhe!!

Siga o Guarulhos Todo Dia

Siga no Google News

PROJETO DE LEI

Câmara aprova reajuste de 2% para servidores de Guarulhos: veja como votaram os vereadores

AMIGOS DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO

AAPAH reinaugura Ponto de Cultura com caminhada turística no centro de Guarulhos

DATA ESPECIAL

Dia das Mães: 5 restaurantes de Guarulhos para o almoço de domingo

Metrô em Guarulhos: Entenda o processo de licitação para as obras da Linha 19-Celeste

HISTÓRIAS DA CIDADE

60 anos do fim do Trem da Cantareira: a história da ferrovia que deixou de existir em Guarulhos

Fartura na mesa

Curte um café da manhã caprichado? Hotéis de Guarulhos participam da Breakfast Weekend

VEJA COMO PARTICIPAR

Parque Shopping Maia faz parceria com a Coca-Cola em campanha de Dia das Mães

PEDÁGIO SEM CANCELAS

Free flow e o alto índice de multas por evasão de pedágio nas rodovias paulistas

REPORTAGEM EM VÍDEO

Por que o Aeromóvel do Aeroporto de Guarulhos ainda não está funcionando?

Dica de passeio

Itaquaquecetuba recebe a Motofest neste fim de semana, com muitas atrações e até um bar nas alturas

STREAMING

Documentário Netflix sobre tragédia em Congonhas entra no Top 10 global de séries

REPORTAGEM

Rodoviária do Cecap pede socorro: manutenção é precária e há poucas saídas de ônibus

VILA NO INTER

Tudo sobre a Feira de Adoção de cães e gatos no Internacional Shopping neste domingo (27)